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Mostrando postagens de junho, 2012

Nunca fui amada

Cheguei a essa conclusão Me tornei tão hábil em compreender o momento do outro que, nos meus relacionamentos,  deixava que as pessoas se achegassem e se achegassem e eu, como a água, aderia. Em momento algum eu deixava de ser eu. Minha consciência estava presente a todo momento, em todas as concessões e desenvolvi a habilidade de fazê-las espontaneamente.  Porque é assim que sei ser.  De tal forma que eu, um dia, me tornava invisível. E me tornando, partia em busca de minha forma original que nunca era a mesma de antes.  E daí, somente aí a outra parte do que nos tornávamos sentia a minha falta como a de um braço, uma perna, um dedo.  Até parece que é amor, mas nunca foi. Talvez um tipo de dependência da minha presença materna, feminina, protetora e de certa forma alegre.  Talvez por isso nunca me senti bela. Na minha consciência, se eu o fosse, talvez me amassem assim, de qualquer jeito, apenas por eu exisitr. Mas não, não sou esse tipo de pessoa

Sertão

Um dia caminhei nele Eram dias longos e secos De uma paisagem onde nada se avistava Tinha Sol, então tinha beleza Mas dureza de boniteza Tinha vida resistindo, galhos se contorcendo para rasgar o céu Eu sabia que tinha que chegar Mas não sabia onde Era preciso avançar Vivi a seca dos sentimentos A escassez dos quereres Seguia sobrevivendo A paisagem sempre tão ríspida não acenava respostas Mas estavam todas ali Hoje eu sei Era tanto vazio, e tanta beleza Que eu seguia por intuição Com os pés rachados A pele sangrando E a alma perdida O chão que queimava também estimulava os pés cansados No sertão, o sofrimento é paisagem E a seca, realidade. A incerteza o presente. Não há umidade.  Não existe sutileza Tudo é terra e fogo. E ar.  E caminhei tanto tempo que não sabia que existia a chuva e o verde Tanto tanto que meus olhos secos nem notaram a vegetação quando cheguei Lá Percebi algo diferente Uma brisa fresca, um  novo tom que agredia meus olhos E a alma sorriu faceira Ela sabia

INTIMIDADE

Você pode se despir, trocar fluidos, compartilhar o rosto amassado das manhãs, mas, a intimidade só vem quando você pega na mão de alguém e o leva para o sóton secreto da sua vida, onde você armazena seus erros, guarda seus medos e protege seus tesouros. Essa é a maior união que pode existir. O verdadeiro casamento de duas almas. O resto, são apenas personagens tentando interpretar as próprias e as expectativas do outro.