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Mostrando postagens de dezembro 7, 2010

Brasília, eu não vou gostar de você

Começo colocando a foto do céu, porque isso sim, é uma coisa de emocinar no Planalto Central. Cada dia é um show a parte. E graças a Deus, não foi o Niemeyer quem projetou o céu daqui, nem o Lucio Costa que decidiu que seria assim. É vocação. É Deus dizendo: não se desespere. Na falta de esquinas, calçadas e informação, olhe para cá! Andando assim, nesse vazio imenso, nesse elefante branco sem alma, sinto um único medo: de me acostumar. Me acostumar com essa cidade que não nasceu para fazer gente viver feliz. Parei no ponto errado porque o cobrador desatencioso me indicou que eu deveria descer ali e descendo, vi que estava muito longe do meu destino. Chovia. Começou ali, naquela hora. O sinal fechou. No canteiro central não avistava o semáforo para atravessar a outra pista. Eu tentava equilibrar meu livro embaixo do guarda-chuva que já se mostrava impotente debaixo do toró e sem graça, minha umbrella via meu tamanco rosa encharcar a cada segundo. Logo ele. A bola

Mais adiante no eixo. O eixo é bixo. O coração do gigante.

Na esplanada dos Ministérios tudo seguia em harmonia. Era domingo e não havia trânsito, nosso grande hálibe para a primeira impressão. Em dias úteis o trânsito é de arrepiar no trecho. Falando nisso, outra mancada federal de Lucio Costa e patota, é ausência quase absoluta de calçadas. Década de 60. O boom do automóvel no Brasil seria dez anos após a inauguração de Brasília. Porque o projeto de Lucio Costa não garantia as pessoas dignidade de usufruir do único meio de locomoção que já vem de fábrica: nossas pernas e pés. Sem calçadas (insuficientes), a frieza é mais evidente na cidade Frankenstein. Se você insiste em caminhar e nunca se sentiu um excluído social, terá essa chance. Congresso Nacional As duas cúpulas, uma da Câmara e outra do Senado, tudo do Niermeyer. As torres que seguem suntuosas entre as conchas acomodam os escritórios de Senadores. É belo, com espelhos d’água na frente e um grande gramado. Dizem que à noite o reflexo da água faz parecer que as estrut

O Fiasco da Biblioteca Nacional

O prédio suntuoso, ali, no centro da praça lisinha, faz dele ainda maior e mais belo. Excitados pela idéia de ver o acervo nacional seguimos curiosos. Entramos e os guardas disseram: “só podem ver aqui ao lado e o 2º andar” O Xandão me avisou que também no prédio fica o governo do DF em transição, por isso tanta segurança. Entramos felizes, climão bacana de quem está diante de um gigante respeitável. Pisamos na sala de estudos, pessoas estavam navegando na internet. De cara o rangido: inhéééééc, ínhéééééc, inhéééééc. Nós nos olhamos assustados. Estávamos incomodando o pessoal, que feio! Sim, mas as lajotas de granito do chão estavam soltas e conforme caminhávamos, já como dois bailarinos russos, o inhéééééc, inhéééééc soava certeiro. E estava todo assim. O piso da sala de estudos tooooodo solto sem contra piso. Nosso gigante estava de havaianas e bermuda rasgada na bunda. Subimos então com sorriso nos cantos dos lábios torcendo para que aquilo fosse um incidente p

Chegamos à Oca. Museu Nacional do Conjunto Cultural da República.

Aqui, parece que os intelectuais se deslumbraram com a natividade brasileira. O museu, em forma de óca, todo branquinho, parece um olhar estrangeiro para algo nosso. Não sei porque, mas em todo resto do país passamos ilesos pela natividade na arquitetura. Dá até para associar a um OVNI. Mas é muito bacana. Os estrangeiros devem pensar que só tem índio mesmo aqui vendo aquilo. Logo ali, no Eixo monumental, junto com todos os prédios oficiais oras. No piso de baixo a exposição Lifestyle, do israelense David Gerstein. Coisa linda! O artista retrata cenas cotidianas com leveza, ironia, cores e beleza. Seu olhar sobre a sociedade moderna de consumo. Ele pinta à mão as peças que são cortadas no aço a laser. As esculturas, fixadas na parede ainda jogam no branco um punhado de sombras que se misturam às formas e às cores. Bonito pela frente, pelo lado, pelo inverso. O artista tem esculturas públicas espalhadas por todo mundo. No andar de cima estava o Miró. Psicodelia pura. Bac

A Catedral

Todas as minhas impressões aqui são toscas, desprovidas de profundidade e embora tenha me entusiasmado em ler mais sobre os sete projetos que disputaram Brasília, os porquês, as inspirações, tento nesse momento olhar tudo apenas com a minha desfigurada visão de leiga, forasteira, de quem olha e sente antes mesmo de enxergar. Mas voltando à Catedral, de fora, uma coroa. Como se ela tivesse mesmo sido premiada para estar ali, próxima ao poder. O vazio que ela propõe, iluminado pelo reflexo dos vitrais remete à instrospecção profunda. Talvez aquele vazio para onde as religiões deveriam nos conduzir. Onde encontramos a nossa sujeira interna e temos a chance de expurgá-la para então enxergar através de nossos vitrais. Mas de cara vi Jesus ali, para variar. Crucificado, enchendo meu vazio de mais e mais culpa. Os três anjões enormes, pendendo sobre nossas cabeças também me incomodaram. Parece coisa de natal. Eu gostei tanto do vazio, que tudo me incomodou. A réplica de Pietá, parece

Passeio no Eixo. Eixo Monumental de Brasilia

Era desejo das autoridades e já estava aprovado na constituição a trasnferência da capital para a região central do país. Dentre os sete projetos urbanísticos que concorreram, venceu o de Lucio Costa e Oscar Niermeyer. Numa cruzada apoteótica, em três anos, milhares de pessoas conseguiram o feito de construir uma cidade. :Nascia Brasilia. O "avião", que não ajudou o país a decolar é hoje o centro de uma região econômica do país. Suponho que seja uma das cidades com mais quantidade de shopping do país, já que o plano diretor não permite o aporte de indústrias na cidade. E assim, uma massa se desloca para esse ponto todos os dias, afim de  servir a outra massa que é de servidores públicos, e tem também os intelectuais pensadores nos institutos governamentais, universidades e cargos de carreira. Fato é que o eixo ou corpo do avião "corta" a cidade ao meio e acolhe o poder nacional em prédios e estereótipos humanos que chamamos de políticos. O eixo é um pouco

Campinas, Brasilia e o resto do mundo

Eu finalmente me senti uma caipira. Já estava com saudades dessa sensação. Em Campinas parecia tudo tão metropolitano. Me sentia tão cidadã do mundo até chegar aqui.   O elefante branco chamado Brasília. Que trânsito é esse? Pera aí, já andei em São Paulo, e a coisa é feia e tal, mas existem regras. Aqui, acredite, é neguinho cortando pela direita, e pela esquerda e assim por diante. É um Zigue Zague só. Não parece com aquele fluxo intenso que flui. O trânsito de Brasília é o retrato da burocracia nacional. É tudo meio longe, sem lógica aparente e sem sinalização. Não é feito para facilitar a vida das pessoas, entende? Quer saber? Pergunte, uma, duas, três. E no final, estude o mapa e aprenda por si próprio. Para quem é daqui é tudo “ali”. Ali atrás. Ali do lado, ali naquela quadra. Ali na A, B, C, D, E, F e K de karamba! Tudo grande. A impressão de cara é que a city, com nomes em inglês, foi construída para ser superfaturada. É hiper mercado, hiper quadra, h