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Mostrando postagens de dezembro, 2010

Noite Feliz

Suponho que, quando manifestado na matéria, Sua alma grandiosa tivesse a tecnologia para suportar toda essa condição inumada de viver de nós, seres humanos. Suponho que Sua alma generosa tivesse a sabedoria para perdoar nossa tamanha ignorância. Suponho que Seus olhos tivessem a onipresença de ver o potencial de cada uma das ovelhas, nos indicado a possibilidade e o caminho da regeneração. Suponho que na Vossa infinita grandiosidade, a forma de humano o fez mais Deus, pois se compadeceu de nossas limitações vendo além da própria carne. Não há palavras para descrever a Tua obra, tão pouco mensurar o resultado que julgo ser, na minha ignorância, muito aquém do que deveria, mas fatalmente se não tivesse vindo, se não tivesse se colocado entre nós e decretado o amor incondicional que muito ouvimos, mas nada praticamos, o que seria de nós? Acredito que a Vossa presença aqui imantou este planeta maravilhoso com a força indestrutível chamada AMOR. Seu ato, seus passos e sua sab

Minhas mãos me pegaram

Pensando no meu espírito craquelado, remendado e robusto que, nos primeiros Anos da vida adulta encarou uma sucessão de tropeços e recomeços Endureci ao pensar no que eu poderia me transformar Mesmo eu, com uma alma confiante e otimista me vi com meu otimismo doente. Doente não, cansado, envelhecido. Pensei nas lutas que travei com as coisas existências e essenciais do mundo. Me assustei. Sou uma sobrevivente. Por que ainda carrego sonhos, mesmo que de tule com traça. No meio do meu devaneio, minhas mãos estavam lá, me servindo o café. Dedos longos de minha avó, unhas parcialmente pintadas sinalizando minha resistência delicada a tudo que embrutece e fura. Eram minha mãos, amigas de uma vida inteira dizendo para eu não esquecer quem eu era. Independente de toda crosta, todo músculo e resistência que eu perseguia, ainda estava ali, bem no meio, uma mulher viva.

Era só me amar desse jeito

Era só me amar desse jeito Com o vestido furado Gasto pelo tempo mas que não incomodava Ele me cobria em dias normais E no frio pedia um reforço adicional Mas na média, Eu era aquela Nem mais, nem menos Não era elegante E sequer ostentava o que quer que fosse E era só me amar desse jeito Gostando do meu vestido ralo Da minha vivência vã Do meu traçado E era só me amar desse jeito Mas sei que era pouco Em terra de Vogue quem tem baciada não é rei E só tenho isso Só o que se vê Não trago mistérios na bolsinha Porque nem tenho bolsinha E era só me amar desse jeito Mas se quer ver mais que o meu vestido roto E esperar mais do que apenas isso Vai me achar muito nada, que sua mente fará um rebuliço Como quem busca colar de pérolas na favelada e não vê E eu era somente Isso Queira ou não queira Sem mais nem disso E era apenas me amar desse jeito Me aceitar com o que tr

Hoje eu vi uma gente

Hoje eu saí. Conheci um monte de gente como eu. Gente que pelo menos já foi como eu: forasteira Eu vi Minas, São Paulo, Jundiaí. Tudo ali. Gente boa que passa para lá e para cá. Que trabalha, que carrega seus princípios, suas sementes. Também vi gente esquecida. Fazia tempo que não via. Um garoto deitado com uma coberta de patchwork devorando um pastel. O moço do ônibus me acompanhou da Asa Sul até o Conjunto Nacional. Passamos pelo ortocentro de Brasília. E como todo centro acolhe os esquecidos, eu vi uma gente. Gente nos cantinhos, gente jogada, nos montinhos, aos poucos distribuídas no meio e nos cantos do centro. Passado “o perigo”, ele seguiu em frente, o Gil, e eu fui buscar minhas fotos. Fui para o eixão buscar umas fotos até a majestosa, nos Três poderes. Segui vendo mais gente. O tal Neto me laçou e me mostrou as flores do Cerrado. Eram muitas. Ele ali, fazia delas as musas do caminho, bem em frente à Catedral. (Aquela que não me “pegou” pra valer).

Cansei

* a todas as pessoas que se cansam Há chega! Cansei. Vou tirar minha roupa, vou arrancar meus pêlos Vou dependurar meu couro no mancebo Vou sair por aí E desculpem pela aparência Mas cansei de esconder o que penso Cansei de vestir hipocrisia de griffe Meus heróis não morreram de overdose Eles nem morrerão Acho que partiram apenas Chega Cansei Vou dizer o que penso Vou dizer não, pra tudo que merecer não Vou prostrar Acho que o maior progresso da humanidade aconteceria se todos sentassem e fechassem os olhos... por um minuto... Seria um tempo sem destruição Mental, emocional, ecológica Como no Armageddon Quando todos pararam (de destruir) por medo da destruição Viva o caos da inércia Viva o caminhar reto Círculo só funciona se for o sagrado Ou na pirueta do contemporâneo Correr atrás do rabo é feio É pequeno Cansei Chega Quero ser seta, reta, universal Não quero quadrilátero, nem arestas Qu

Carta de amor a vida

Caraca! - Eu disse. - É aquela música do Elton (John ). A música: My father’s gun Do filme: Tudo acontece em Elizabeth Town. Um dos meus preferidos. Dos mais mesmo. Simplesmente o cara passa oito anos sem ver o pai e quando toca essa música o pai está viajando no banco do motorista, ao seu lado. Cremado, dentro de uma urna. E depois de longos oito anos eles dialogam. E recordam os bons momentos, as viagens do passado juntos, as cenas inesquecíveis. Ele, Orlando Blun e seu pai, moribundun. E essa música, aliás, esse filme todo me faz sentir vontade de berrar. Sair por aí, sorrindo e olhando paras as coisas que nos acolhem pra dentro desse mundo mais estranho que a ficção. O Ypê rosa da esquina, o Sr. Poliglota que logo pela manhã se arruma e sai pelo bairro, cumprimentando a todos e perguntando de onde a pessoa é. Todos os dias ele faz tudo igual. É como se fosse um relógio do tempo. Um dia, quando ele perguntar se minha família veio da Itália (como sempre faz), vou diz

O casal 20 da minha geladeira

O Xandão foi ao mercado e todo contente anunciou a primeira margarina com embalagem 100 % biodegradável e o pão Pullman também com saquinho bio. Ficamos felizes. Sei que já deveria ser assim faz tempo e com todas as embalagens, que deveríamos ter subsídio para que as empresas já produzissem as tais embalagens, mas, o que custa comemorar o feito, mesmo que tardio. O bacana é que os produtos não são mais caros que os demais e são facilmente encontrados. No Pão de Açúcar é certeza que tem. Postei as fotos para que todos possam visualizar e comprar se possível. O pão todo mundo conhece e é uma delícia. A margarina é muito saborosa também, mesmo a opção sem sal. Se encontrarem produtos assim, podem me mandar que posto aqui no blog também. Outra coisa que costumo usar quando encontro, é o shampoo da Surya, que tem aromas deliciosos, não tem sal e é biodegradável (pelo menos parte dele), além de não ser testado em animais. (tem selo de Vegan) Imagina os coelhos lav

Se amor tem haver com jogo, jogo minhas cartas fora

Porque meu Deus o Zé Carlos tinha razão? Certa vez, no auge do desespero por dividir com alguém o início de uma batalha sem precedentes: tinha que matar alguém que estava bem vivo no meu coração e precisava de ajuda, procurei um psicólogo na lista telefônica e encontrei o Zé, como permite ser chamado carinhosamente. Chegamos a ficar amigos. Paguei poucas e pendurei muitas consultas. Ele se sensibilizou com uma mãe recente que não tinha para onde correr e precisava de algumas soluções. Como terapia, ele me dizia coisas que geralmente eu fazia tudo ao contrário. Eu sou assim mesmo, meio dominada pelo meu coração. E olha que ele é tolerante pakas, mas quando resolve enxergar, cara, é visão além do alcance. A intuição me transforma num Ciborg de alto nível. Mas vamos ao Zé e ao jogo. Dizia o Zé naquela época que jamais devemos deixar o parceiro seguro de nossos sentimentos. Isso se tratando de uma mulher para um homem. Não sei como é com o inverso e com os casais homo ou

Me ofusca os olhos

Me ofusca os olhos Brasília porque te nego Mas o céu que te cobre não se pode negar Chega mesmo a ser uma espécie de mar Grandioso e claro Mesmo quando está escuro, se mancha de contrastes Porque artístico que é, não se curva às formalidades de céu Me ofusca os olhos quando passo os dias em casa Me poupando de ti e de repente saio despreparada Sem meu Ray Ban lilás que perdi, mas nem chorei. Se mudei até de Estado Então que mude tudo em mim Meu espírito principalmente Agora, um pouco bem, um pouco triste Refém do atual, esperançosa do amanhã Que enche a gente de bom talvez Fundamentalmente me amo assim, como sou, porque embora mude vez ou outra É assim que sou Todo mundo quer ser amado pelo que se é Mas não podendo, que se contente som seu próprio colo Ofusca meus olhos Brasília Porque está tão cheia de vazios que me vi nua Nua e só, com meu auto amor E sozinho, ele se fez maior que tudo lá fora Sou erra

O medo do Teo. Vida A2.

Ele só tem 23anos, é jovem e inteligente. O que temem os jovens de 23? A crise econômica? Medo de não ter aposentadoria? Falência do sistema previdenciário e financeiro? Não, nesse caso em especial, ele é tudo isso, e tem medo de se entregar a alguém. Isso mesmo, num relacionamento. Um certo dia esse foi o assunto lá na redação. A boca miúda, é claro. Eu pensava em como alguém tão promissor poderia ter sido marcado tão fortemente assim? Então eu, toda segura e madura disse que passaria. Esse medo passaria tão logo encontrasse alguém bacana, que inspirasse a sua vida suficientemente para nem fazê-lo pensar nisso. Eu acreditava mesmo nisso. Tinha certeza até. Com o tempo todo mundo esquece a dor e o que fica é a vontade de ser feliz e encontrar alguém legal. Fato é que essa “verdade” estava amparada pelo simples fato de eu morar na casa do meu pai, com meu filho e minha irmã, trabalhar entre amigos, ver amigos quase que diariamente e não ter tempo para pensar abobrinha.

Sedentarismo e o MST (A)

Ele fica a espreita, de plantão, tipo anjo mesmo. Um deslize seu e ele chega junto. Com a capa da invisibilidade do Harry Potter e, vai dominando. É altamente articulado, mobilizado e quando você vê, as suas células estão todas aderindo ao movimento classificado como: adiposo em massa Você, o dono do corpo, é sempre último a saber. Parece que todo mundo saca, olha como quem quer te dizer algo quando você veste aquela calça que não fecha direito, mas você não se toca. É quando resolve percorrer o seu território num dia de auto estima boa, esfoliação, depilação, corte das unhas, que você detecta o inimigo. "Fazer as unhas" dos pés se torna quase um projeto de lei para que você seja amparado legalmente no caso de não voltar a ser quem era depois de permanecer mais de uma hora em posição de biscoito da sorte. Unhas belas, agora vamos levantar garota! "Nossa, eu não era assim!" Daí você lembra desde quando é difícil sair do biscoito da sorte para womam erectu

Brasília, eu não vou gostar de você

Começo colocando a foto do céu, porque isso sim, é uma coisa de emocinar no Planalto Central. Cada dia é um show a parte. E graças a Deus, não foi o Niemeyer quem projetou o céu daqui, nem o Lucio Costa que decidiu que seria assim. É vocação. É Deus dizendo: não se desespere. Na falta de esquinas, calçadas e informação, olhe para cá! Andando assim, nesse vazio imenso, nesse elefante branco sem alma, sinto um único medo: de me acostumar. Me acostumar com essa cidade que não nasceu para fazer gente viver feliz. Parei no ponto errado porque o cobrador desatencioso me indicou que eu deveria descer ali e descendo, vi que estava muito longe do meu destino. Chovia. Começou ali, naquela hora. O sinal fechou. No canteiro central não avistava o semáforo para atravessar a outra pista. Eu tentava equilibrar meu livro embaixo do guarda-chuva que já se mostrava impotente debaixo do toró e sem graça, minha umbrella via meu tamanco rosa encharcar a cada segundo. Logo ele. A bola