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Mostrando postagens de janeiro, 2011

O poeta

Queria ter trombado o Drumond no mercado, na padaria, no balcão, para que de sobressalto, em alguma piadinha interna pudesse notar seu brilho. Ou queria ser a menina do xérox que poderia ter convivido de leve, mas periodicamente com seu universo, que na verdade virou seu legado e nosso patrimônio. Poetas. Inconformados a jogar poética na lama e na compostagem. Acho que todo poeta é um incomodado que não consegue calar. Se o mundo fosse um bocado melhor, um bocado mais justo, penso que os poetas seriam pessoas comuns a sorrir, passear e se divertir. Acho que seriam pintores ou escultores a imprimir a poética nas formas e cores. O poeta se incomoda com a mania dos burocratas de sujar o rosa de seus mundos. Isso mata o poeta e ao mesmo tempo o fortalece. Um poema, nada mais é do que um desejo afoito de harmonia plena. O que é afinal um amor não correspondido senão um caos energético daquele que ama sozinho? Miséria, injustiça, perjúrio são estímulos poéticos par

Estrogênio emocional

Estava lendo uma porção de coisas aleatoriamente e pensando sobre o que grila cada um dos pares num relacionamento. Todos nós, dentro de um pequeno e previsível universo leva pela vida suas experiências, lembranças, delícias e dissabores. Depois de um tempo de convivência, sabemos exatamente o que pode deixar nossos pares ressabiados, chateados ou cabisbaixos. Sacamos que aquele assunto, seja a decisão do campeonato, a chegada da sogra, a estagiária da sala ao lado, ou os ex’s, fantasmas inixorcisáveis é certeiro para tirar o outro do centro. Ainda mais se por um acaso a ex dele tiver dezoito anos, cuca fresca e for ninfomaníaca. Ou, no caso dos homens, ele for um triatleta, ou lutador de jiu jitsu, pianista, cabeludo e apaixonado por comédia romântica. Extremos difíceis de competir hein? Fiquei analisando as histórias ao redor e as minhas próprias. Começo a pensar, tardiamente, que essa coisa de homem e mulher não cabe mais nessa caixinha. Acho que a coisa toda é mai

Mãe e filho

Mãe longe do filho é respirar com aparelhos Inalar um ar artificial, quase sem prana Mãe longe do filho é nanodolorido É choro sem lágrimas É choro sentido Mãe longe do filho é alma em aflito Não é sussurro, é gemido Mãe longe do filho é seguir meio sem sentido Mãe longe do filho é perdido, perdido... Se dói, chora e lembra do filho Se ri, imagina que faria ri-lo Mãe longe do filho é mesmo sem sentido Só sente quem teve no ventre O amor preso no umbigo A saudade geme contida A ausência do umbigo querido O reflexo da dor da saudade Que cega o olhar umidecido Se é apego, ao certo não digo Mas se é dor, eu sei é verdade Mãe longe do filho é perigo De perder a sanidade De viver sem gozar do segundo De parar de sonhar à vontade Eu prefiro: “Fica longe, filho da mãe de menino!” Dessas vezes que grito de alerta Para afastá-lo do perigo, do que: “Mãe longe do filho” Uma man

A 1ª dos 40 eleitos.

Primeiro de janeiro de 2011. Às 14 e pouco seguimos para a Praça dos Três Poderes. A chuva nos pegou de cara, estamos mesmo em Brasília. Acabamos de pisar no eixo e o carro da presidenta e os Dragões da Independência nos agraciam. A chuva aperta. Dilma segue para o Senado Federal e nós para a Praça. Ao chegar à Praça, de cara notamos de quem era o evento. Nada contra ou a favor, mas o espetáculo ali era mais do PT do que do Brasil. Ou do Japão, por tanto vermelho e branco. Pensei que o show seria verde e amarelo, mas parecia um comício do PT. De certa forma era de se esperar, era sim uma festa do partido, mas se via em média uma bandeira ou camiseta do Brasil para quinze ou vinte do PT.   Acho que poucas pessoas foram prestigiar a posse sem uma vinculação partidária.   Via-se pessoas de todo jeito e de todo canto, mas em geral com a semelhança de serem fãs incondicionais de Lula. A majestosa dessa vez não estava só. A praça estava cheia.