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Mãe e filho





Mãe longe do filho é respirar com aparelhos


Inalar um ar artificial, quase sem prana






Mãe longe do filho é nanodolorido




É choro sem lágrimas


É choro sentido




Mãe longe do filho é alma em aflito


Não é sussurro, é gemido






Mãe longe do filho é seguir meio sem sentido




Mãe longe do filho é perdido, perdido...




Se dói, chora e lembra do filho


Se ri, imagina que faria ri-lo




Mãe longe do filho é mesmo sem sentido




Só sente quem teve no ventre


O amor preso no umbigo


A saudade geme contida


A ausência do umbigo querido




O reflexo da dor da saudade


Que cega o olhar umidecido




Se é apego, ao certo não digo


Mas se é dor, eu sei é verdade




Mãe longe do filho é perigo




De perder a sanidade




De viver sem gozar do segundo


De parar de sonhar à vontade






Eu prefiro: “Fica longe, filho da mãe de menino!”


Dessas vezes que grito de alerta


Para afastá-lo do perigo,


do que: “Mãe longe do filho”


Uma manchete fria, sem verbo




Porque filho pra mãe é ação


É troca-troca de amor


É descoberta


Do menino em Sr., da mulher em avó da neta


Os dois andando juntinho, cada um na sua década




Não vou mais dizer “mãe longe de filho”




Vou dizer é: “filho, me espera”




Toma banho e lava as orelhas


Como eu sempre lhe fizera






Que na verdade você não fica longe de mim


Porque a lonjura não é materna




Toda mãe carrega o rebento, na alma, no riso, na patela




Todo filho é a mãe melhorado


Sopro divino materializado




Se não existe distância, vou tratar de conferir


Pegando você nos braços


Te fazendo rolar de rir




Vou ver se só isso basta


Levar você em mim




Ou o bom mesmo é checar as orelhas e os dentes


Pra deixar a mamãe contente


Me fazendo rir de repente


Você querendo fugir do esfrega






Então lava as orelhas e aguarda


Eu voltar pro seu metro quadrado


Ter você de novo ao meu lado






Em marcha maternal dirigida


Do amor maioral do planeta


Que tudo o mais sustenta


O alimento, a casa, a bahia






Vou pegar a bicicleta


Me coloco numa reta


E tô chegando em dois dias


 Te amo filho da mãe


Te amo filho querido




Prepara as orelhas e os dentes


E consola esse coração aflito




Sopra dentro desse pulmão bendito


Me devolve a vida, o amor e o sorriso

Comentários

Natalia Bizzo disse…
Que lindo!!!!
Qdo ele estiver adulto, vai achar isso mais maravilhoso ainda do que eu achei!
Tomara! Hoje em dia só quer saber de games e futebol! rs Mas ele existir já é a recompensa maior!!! Beijos amiga!!
Daniel Miori disse…
Muito lindo Xan!!!
Muita gente brinca com os sentimentos, e as vezes dizemos que estamos com saudades de uma pessoa que não vemos a apenas dois dias e ainda está próximo... isso não é saudades...
Saudades sim, estão em suas frases, versos e sonetos... isso sim, me tráz lágrimas nos olhos por imaginar o sentir da saudade de verdade...
Espero que este encontro carnal entre vcs seja breve... e em quanto isso, voe como a gaivota!!!
Beijos querida!!
Obrigada Dani! Será meu amigo. Nos encontramos na patela (rs), na essência, no senso de humor (rs), nas lembranças e nas conversas noturnas que nos faz assumir além de papéis de mãe e filho, de grandes amigos. Beijos para o Theo!

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