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A 1ª dos 40 eleitos.

Primeiro de janeiro de 2011.



Às 14 e pouco seguimos para a Praça dos Três Poderes.


A chuva nos pegou de cara, estamos mesmo em Brasília. Acabamos de pisar no eixo e o carro da presidenta e os Dragões da Independência nos agraciam. A chuva aperta.


Dilma segue para o Senado Federal e nós para a Praça.











Ao chegar à Praça, de cara notamos de quem era o evento. Nada contra ou a favor, mas o espetáculo ali era mais do PT do que do Brasil. Ou do Japão, por tanto vermelho e branco.


Pensei que o show seria verde e amarelo, mas parecia um comício do PT.


De certa forma era de se esperar, era sim uma festa do partido, mas se via em média uma bandeira ou camiseta do Brasil para quinze ou vinte do PT.


 Acho que poucas pessoas foram prestigiar a posse sem uma vinculação partidária.


 Via-se pessoas de todo jeito e de todo canto, mas em geral com a semelhança de serem fãs incondicionais de Lula.











A majestosa dessa vez não estava só. A praça estava cheia.

















Uma festa cívica. Posse de um presidente, digo, da primeira presidenta.


Só isso já valeria ver de perto o cerimonial, o passo a passo, os movimentos sociais presentes ali e claro, a despedida do presidente “do povo” e isso, independente de preferências partidárias, é fato: o cara gosta e sabe fazer o marketing “do povo”. O Lula vai e foi pra galera no final, enquanto mulheres choravam e colocavam as mãos em prece na sua despedida. Fenômeno curioso.


O povo é anti aderente?


Brasília é notícia nos outros estados quando parte de suas reservas verdes ardem nas chamas da seca que atinge o Distrito nos períodos de seca ou quando as cuecas de Srs. enchem-se de grana pública (será um complexo de gogo boy?) e as saunas de procuradores são palco de negociatas milionárias. Também aparece quando o assunto é o caos na saúde pública e precariedade dos serviços essenciais. (parece que a nova gestão vai contribuir para mudar isso)


Mas, o que pouco se diz, é que, a capital do país é úmida em boa parte do ano. A regra é: quando não está deveras seca, está deveras úmida. Desde que cheguei aqui em novembro último, os dias se alternam em um ensolarado e brilhante e três chuvosos ou nublados.



Posse da primeira mulher, mas faltou um toque feminino.




Para o público, na Praça dos Três Poderes, um pequeno palco foi armado onde grandes cantoras como Fernanda Takai, Zélia Duncan, Elba Ramalho e Martinália encerrariam a festa da posse do lado popular. No Itamaraty acontecia o coquetel oficial.






Se eu, em dois meses aprendi que chove muito em Brasília, os organizadores do evento devem ter se esquecido disso.


O palco não estava preparado para manter os músicos minimamente secos em caso de um pé d’água e na praça não se via uma tenda de proteção para o público.


Cheguei a pensar que as tendas não foram montadas, pois poderiam estragar a visão das câmeras da Rede Globo instaladas em cima do STF, de onde apresentavam Sandra Annenberg e Evaristo Costa. Será?






Em Brasília a coleta de lixo é precária e os organizadores do evento, além de não armarem tendas de proteção para a chuva, já que tratava-se de uma cerimônia um tanto longa, também não colocaram lixeiras extra na praça e o resultado você já imagina.


Na TV, atualmente está circulando uma propaganda pedindo para não jogarem o lixo nas ruas, mas sem lixeiras, vamos levar espiga de milho comida na bolsa? Latas de cerveja? Sacos de pipoca?


O legal é a pomba não obra na cabeça do Jk, mas a gente o faz na sequência.






 

E a cerimonial então?


Lula passou oito anos quebrando protocolo, mas convivendo com algumas coisas, quem não quebraria? A cerimonialista disse, em alto em bom tom por três vezes que “ocupássemos nossos lugares e desligássemos nossos celulares ou colocássemos no silencioso”. Essa do celular ela só arriscou uma vez, porque as vaias foram fortes.


Numa praça pública, pedir que as pessoas ocupassem seus lugares? Alguém entendeu? Não, nem eu.




O jeitinho sempre aparece.


Quando caminhávamos para a Praça, um Sr. com uma camiseta escrita: “Valeu a pena Lula!”, disse a mim e ao Alexandre: “Vamos ver se ela vai ser como o Lula, né? Quem sabe sobra alguma coisa pra gente?”


É, não dá para ir para um evento desses achando que vai ver apenas show.


Ele falou na ingenuidade, mas talvez na mesma em que deva falar José Dirceu, Palocci, Erenice Guerra e tantos outros.


Mais uma vez deu pra ver que o Palácio do Planalto e o Senado e, consequentemente, tudo ao redor, são partes de um espelho daquela praça, onde na posse, éramos todos candangos do Brasil. O que é de um lado, é do outro. Só mudam detalhes, trajes, cenário, mas vendo de perto é tudo muito parecido.






Detalhes sempre fazem a diferença




Depois de tomar chuva, pegar uma filona para entrar na área mais próxima ao Palácio do Planalto era escolher um local que desse para ver a subida da Dilma. Os telões foram colocados em dois locais estrategicamente ruins e não auxiliavam muito na visão geral do evento.


Pequeno ( )


Brasília me provoca sentimentos estranhos. Me considero uma pessoa de paz, mas aqui, não raras vezes chamo alguém de ANIMAL no trânsito. Sem ofensa aos animais, mais os caras contam apenas com seu poder de reflexo e se lixam para o que os outros vão sentir numa “fechada” ou ultrapassagem perigosa. Nesse sentido, são mesmo animais, contando com o reflexo e a sorte. Eu até decidi que não vou me recriminar. Se o cara faz besteira e coloca a vida alheia em risco, vou deixar claro que não gosto e pronto. Animallllllllllllll.




Na área mais próxima possível da cerimônia da entrega de faixas, nós e muitas outras pessoas aguardamos mais de uma hora pelo momento. Tomamos chuva na chegada, enfrentamos fila, passamos pelos seguranças e na hora “H” da subida da rampa, alguns indivíduos (maioria mulheres, tisc, tisc, tisc) subiram nos ombros de seus homens ou num banquinho - isso mesmo – e fizeram feio no quesito cidadania.


Um rapaz revezava. Uma hora a mulher subiu no banquinho e a filha em seu ombro.


Poxa!


Alguém berrou: “desce do pedestal!”


Não era o Bono Vox tocando duas horas, ou Paul Mc Cartney.


Eram cinco minutinhos disputados para todos nós ali e cada um veria só um pedacinho da cerimônia. Queria ver com precisão, ficasse em casa, sei lá.


Comecei: “DESCE DESCE DESCE!”


E a doida? Não era nem com ela. Sacou o binóculo, e ficou de rainha, tampando a visão de dezenas que, como ela, tomou chuva, esperou e tudo mais.






Eu olhava para aquele banquinho como se ele representasse o lado negro da política e a ausência da cidadania. Aquele banquinho era o mensalão, a Erenice Guerra (que esteve na posse e foi carinhosamente cumprimentada por Dilma), o favorecimento de informação e o desvio de verbas. Ainda bem que não sou Jeannie é um Gênio senão o troço teria virado cinza em segundos. Quando o moço, no auge da subida, colocou a filha no ombro e daí não se via nem a ponta do penacho do capacete dos dragões da independência, que ladeavam a rampa de subida nos dois lados como iogues inertes, daí não agüentei: “VOCÊ É BRASILEIRO POXA! ENTÃO DESCE ELA DAÍ! NÃO TEM VERGONHA!”


Foram meus cinco segundos de fúria e dizer que gostei, nem um pouco. Da próxima vez bato de leve nas costas dele e digo: “Moço, está atrapalhando. Dá para descer?” Essa é uma meta de 2011. Quero ser um ser humano mais tolerante e educado. Mas não trouxa.






Finalmente o discurso






Tantos escândalos e polêmicas. Tantos interesses envolvidos. Ouvimos o discurso que nem de longe foi algo emocional como seria do ex- presidente Lula, mas nada impessoal como os verborrágicos de algumas décadas atrás. Dilma falou de metas, de sonhos, como ela mesma disse. Falou da erradicação da miséria extrema. Falou de condições para todos. Lembrou que sofreu nas mãos de aço e lamentou pelos que “tombaram” pelo caminho. Foi bacana. A primeira mulher. Talvez não pudesse ser outra pessoa mesmo. Uma mulher é uma experiência diferente. Mas algo muito meigo nesse momento poderia custar a própria saúde da eleita. Dilmão segura o rojão.


Que realmente tudo aquilo possa estar na intenção mais profunda e mais rasa de seu governo e que nós possamos ver o país crescer mesmo. Com qualidade. Barriga mais cheia por que isso é premissa de qualquer desenvolvimento, mas sabemos que não tudo. Para começar da qualidade do que “colocamos pra dentro” e depois disso vem o alimento da alma. Em dois anos acabar com o analfabetismo? E o funcional, também? Daí sim, seremos muito surpreendidos e pela primeira vez!


Desejo sucesso a todos nós, mas confesso que sofro de alguma analgesia existencial que as vezes me faz intransigente com o tempo das coisas políticas.


Me parece que a burocracia, o excesso de comissões, o excesso de setores, o excesso de decretos são disfarces para a nossa inoperância real.


Minha mãe pensava agindo, meu irmão costumava pensar mais que agir. Acho que o meio termo é ideal.


As mudanças climáticas engolindo as nossas condições de existência segura e a gente espera a boa vontade da galera em diminuir as emissões para não terem preju!


Tudo é lento. Democracia as vezes parece domoradocracia.


Que nesse ano a calma ande junto (comigo em especial) com a nossa capacidade de fiscalizar, lutar pacificamente (e isso requer muito mais qualificação), participar e construir esse país melhor e que a gente se lembre disso a cada dia, em todo instante, não só em ocasiões especiais e na boa: danem-se os “banquinhos” do privilégio para não dizer outra coisa.


Há, a chuva esperou o final da cerimônia aberta e veio com tudo, mandando muita gente de volta para casa antes mesmo do primeiro show. A gente não viu o show do público, mas quem se importa. Era para o povo.






Feliz Ano Novo ao meu país, que, assim como o restante do mundo tem desafios tamanhos pela frente. Estamos quase virando índios, totalmente submissos às condições naturais. Se chove, inunda, se não chove seca, mas somos fortes, dotados de inteligência e alguma perspicácia.


Força para todos nós, humanidade em nossos corações, amor para relevar e sabedoria para seguir em frente!

Feliz 2011! Abraço a todos!


































Comentários

Robson Clério disse…
Eu até decidi que não vou me recriminar. Se o cara faz besteira e coloca a vida alheia em risco, vou deixar claro
que não gosto e pronto.
Animallllllllllllll.

Ah legal que atribuiu a responsabilidade ao verdadeiro responsável desta vez, rsrs...



Eram cinco minutinhos disputados para todos nós ali e cada um veria só um pedacinho da cerimônia. Queria ver com precisão,
ficasse em casa, sei lá.

kkk, vi tudo em detalhes aqui em casa num dia de chuva, emocionante "as seguranças" correndo molhadas ao lado do "rols royce". Cinematográfico.



Da próxima vez bato de leve nas costas dele e digo: “Moço, está atrapalhando. Dá para descer?” Essa é uma meta de 2011.
Quero ser um ser humano mais tolerante e educado. Mas não trouxa.

Yes!



Ainda bem que não sou Jeannie é um Gênio senão o troço teria virado cinza em segundos.

Levei alguns segundo pra perceber que se tratava do seriado elogo imaginei o nariz torcido da loirinha! rsr



Desejo sucesso a todos nós, mas confesso que sofro de alguma analgesia existencial que as vezes me faz intransigente com o tempo das coisas políticas.

Na boa, vi uma entrevista como Fernando Henrrique dia desses, ele disse uma coisa que insisto em colocar quando ouço alguém reclamando do governo aleatóriamente. Por ser ex-presidente ele pode criticar na boa porque "ja esteve lá e sabe como as coisas funcionam lá dentro". então ele disse: - as vezes não concordo como algo esta sendoconduzido pelo governo, mas não critico com força porque sei que não é simples nem fácil no olho do furacão (...) É muito fácil ficar de intelectual criticando!



Que nesse ano a calma ande junto (comigo em especial) com a nossa capacidade de fiscalizar, lutar pacificamente (e isso requer muito mais qualificação), participar e construir esse país melhor e que a gente se lembre disso a cada dia, em todo instante, não só em ocasiões especiais e na boa: danem-se os “banquinhos” do privilégio para não dizer outra coisa.

É Poraí...




Lindo 2011 pra ti Alexandra !

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