Parte de mim é amor e a outra é ilusão.
O exercício de viver é alargar as margens da primeira até
que a outra simplesmente vire a uma.
Tem dias que somos mais a primeira, tem dias que estamos na
fronteira. Tem dias que somos pura beira.
Não cobro e não ligo, olho pro lado e digo: nem vem, que eu
sei voltar pra lá.
É uma maré que sobe e desce, movida pelos sentimentos que
são movidos pelos pensamentos.
Já fui tsunami, já fui lagoa, fá fui até sertão, mas eu sei,
é tudo condição. É passageiro.
Eu sou passageiro, e também o mar, e também o chão.
Ah essa Tao evolução, que cresce dentro da desconstrução. Esse
tudo que busca se preencher de nada.
Essa divisão que nos insiste, condição de alma triste, de um
ego que se alimenta e se maquia de presente. E a união ali latente, aguarda
soberana o fundir do último átomo, o ruir da última ilusão.
Metade de mim é vida, a outra metade é desconstrução.
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