Pensando no meu espírito craquelado, remendado e robusto que, nos primeiros
Anos da vida adulta encarou uma sucessão de tropeços e recomeços
Endureci ao pensar no que eu poderia me transformar
Mesmo eu, com uma alma confiante e otimista me vi com meu otimismo doente. Doente não, cansado, envelhecido.
Pensei nas lutas que travei com as coisas existências e essenciais do mundo. Me assustei.
Sou uma sobrevivente. Por que ainda carrego sonhos, mesmo que de tule com traça.
No meio do meu devaneio, minhas mãos estavam lá, me servindo o café.
Dedos longos de minha avó, unhas parcialmente pintadas sinalizando minha resistência delicada a tudo que embrutece e fura.
Eram minha mãos, amigas de uma vida inteira dizendo para eu não esquecer quem eu era.
Independente de toda crosta, todo músculo e resistência que eu perseguia, ainda estava ali, bem no meio, uma mulher viva.
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