Campinas me pariu. Brasília me viu, me enxergou.
Faz um ano hoje.
Mala e cuia. Sem saber o que encontraria. Faz 365 dias que cheguei.
Sim, eu parti, mas cheguei faz tempo. Quem parte, olha para trás, quem chega, vê o futuro.
Tudo tão diferente. Me espelhei em muitas, me desdobrei, me recriei.
Me abandonei para depois me achar e descobri que nunca mais serei de verdades. Serei de momentos. Esse que a gente pega nas mãos, mastiga e cospe o caroço.
Verdades são swarovski e momento é osso.
O momento quebra e cola, a verdade estraçalha.
Vim com algumas verdades, elas quebraram e me cortaram.
365 para me encontrar com a liberdade. Com minha chave de fenda, meu varal e minha térmica barata. E meu mundo, de novo. Com dezoito, meu quarto. Com 34 meu teto.
E como tudo tem um preço, são trezentas noites sem colocar Dimitri na cama. Sem dar beijinho, sem mandar tomar banho e lavar as orelhas. Trezentos dias sem a briguinha cotidiana. São 365 dias só de amor. Só de saudade e boas lembranças. O peito ainda aperta, dói, mas o sorriso vem na seqüência. Adubei o pé e ele está de vento em popa. Cercado de amor, como veio ao mundo. Cercado de amigos e cuidados e pessoas especiais que por algum motivo sagrado, o destino permitiu a ele merecer. Obrigada!
Volto a ser adolescente. Depois de ser filha por toda a vida, mãe por sete anos, mulher por alguns, amiga e irmã, aqui, sou eu e o mundo. Sou trabalho, pouquinho de boemia e até danço. Encontro Deus nas pequenas coisas. O tempo todo. Ele se mostra, sorri. Nas pessoas, no céu, nos calangos, nos pássaros, no amor que floresce forte como nunca, na dança que vejo bem de pertinho. Quero abraçar o mundo, inalar profundo, como eu já disse. Sentar a vida em meu colo como se fosse a Anita e afagar-lhe a franja.
Obrigada Deus, tenho aprendido. E se, é esse o sentido, estamos no caminho.
Ontem senti saudades. Queria olhar e ver meus velhos amigos. Mas entendi que sempre estarão comigo. No salão, no trabalho, nas conquistas. Estava com febre por meu amigo, e ele via a salsa comigo.
Tenho tantos amores para comemorar, ou talvez nem sejam grandes em numero, mas em profundidade, que nem posso me queixar.
E são 365 dias que tenho sentido, mesmo à distância, cada vez mais próximos, meus irmãos, minha família, meus amigos e a nova família que construo por aqui, com novos eternos amigos, um amor incrível e uma nova versão de mim mesma, inacabada, eterna. Com tudo para melhorar, muito para celebrar e é isso. 365 dias do começo do resto da minha vida. 300 dias no coração do país. Nome de novela pitoresca. Eu, Brasília, um só coração. rs Há, e hoje, por algum motivo, a majestosa não se abriu para mim.
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