Pular para o conteúdo principal

Lula está com câncer. O Brasil também.


Acho que o problema não é o câncer. Todo mundo quer a cura desse mal e ninguém em sã consciência desejaria isso a qualquer ser humano que seja. O ponto é que, o Lula saiu do povo e nunca antes na história desse país alguém representou tanto o ideal de igualdade, pelo menos do lado do eleitor. É a velha máxima de quanto maior a altura, maior o tombo. Ele foi o divisor de águas. A maior expectativa. Quando o povo deixou de achar que não tinha condições de estar lá no poder por não ter estudo, não ter berço ou nome tradicional.
Venceu o metalúrgico, o Silva, o operário? Não, venceram, em 2002, os 6 bilhões de pessoas exaustas, desejando mudanças.  
 Só que a recíproca não foi verdadeira. O Lula subiu ao pódio político, transformou o avião presidencial em luxo, viajou, vendeu o carro flex, sem garantir etanol para o país.
Enquanto o povo, que se fez representado por ele, viu grandes escândalos de corrupção, de baixo do nariz do então presidente que se fez de morto (assim como a Dilma).
O povo teve um aumento significativo de renda, é fato. Um marketing sensacional do PT, uma visão que os antecessores ignoraram e que alavancou o Partido dos Trabalhadores nas últimas décadas e transformou o Lula num ícone. A posse da presidente Dilma, foi na verdade, um comício de despedida do Lula. Escancarado. Pessoas chorando ao som de “Lulalá”.
Só que o Titãs avisou: o povo não quer só comida. E o Lula representava isso. E nós não subimos no pódio da saúde e da educação. O aumento de renda gerou movimento econômico.  Com isso, o governo ganhou e as empresas ganharam. Mas a riqueza de um povo não se mede só por isso.
A China, o grande Tigre Asiático chegou aonde chegou com um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) lastimável. O que será que motiva um governo a dominar o mundo à custa do próprio sangue, suor e lágrimas? São escravizados em seu próprio país. Cuba tem racionamento de papel higiênico, de comida, de liberdade, mas por outro lado, sabem quem são e porque estão assim, e, independente de concordarem ou não, resistem. Como disse Ibrahim Ferrer - 1927/2005- (Buena Vista Social Club), que sorte a deles por não se entregarem ao materialismo, senão teriam sucumbido com tantas restrições. Eles sofrem, mas têm cultura, vertendo pelos poros. Sabem quem são, são ricos na música, na história.
Hoje nós temos mais feijão no prato, mas precisamos de um pouco mais. Nem tão China, nem tão Cuba. Mais Brasil. Pacífico, mercado aberto, popularidade mundial crescendo, país jovem, rico em potencial e recursos naturais. É isso. Estamos nos reinventando e isso também tem preço.
Quando colocam a sugestão de que o Lula se trate pelo SUS nas redes sociais, entendo que não se trata de algo pessoal, mas se trata de que os antecessores nem contavam. Sempre foram sectários. Burgueses assumidos e nós os colocávamos lá. Hipocrisias à parte, essa foi a história política do nosso país (salvo o período pré ditadura).
O Lula era a esperança de que, por ter sentido na carne o que a maioria sente, melhoraria também aspectos essenciais como saúde e educação. Muito além do bolsa escola e dos atuais salários de professores.
Ter um diagnóstico num sábado e começar o tratamento no mesmo final de semana?
Me desculpem aqueles que não entenderam: não é o câncer, não é o Lula, é a consciência de nós brasileiros clamando por melhorias, por nossos direitos. Queremos nivelar por cima!
O que o PT não esperava, era que o mesmo gargalo eleitoral conseguido com a ajuda assistencial dos programas sociais, também faria com que mais pessoas tivessem algum acesso à informação e isso significa de certa maneira, evolução.
Estamos mais maduros e exigentes e pouco dispostos a aturar certos contrastes. Além do que, quem escreve em redes sociais hoje, na maioria dos casos, nem “viveu” os outros presidentes.
Essa geração não quer perder tempo com “Mi mi mi” político. É cobrada, tem que pagar caro por tudo, tem poucas certezas na vida e tem pela frente o simples desafio de ajudar a curar o país do câncer da corrupção (herança maldita) e seus males decorrentes como miséria, fome e violência.  
Hoje, o que vem à tona mostra que nossa nação está doente. Células cancerosas enraizadas nas pequenas e grandes esferas da sociedade aparecendo todos os dias nos meios de comunicação. E talvez por isso, essa seja a grande oportunidade de curá-la.
Ao Lula, saúde. Com SUS ou com Sírio-Libanês.
Ao Brasil, saúde também. E nesse caso, ele só pode contar com cada um dos 7 bilhões de nós mesmos. Votar é um ponto no oceano. Acho mesmo que a gente deve escolher todo dia se reinventar mais uma vez.
O Brasil para nós brasileiros nunca existiu, mas nada me tira da cabeça que está cada dia mais próximo. Nosso país está convalescendo. É uma questão de tempo!
“Garçom, trás um caldo de mocotó, uma canja de galinha, uma dose de óleo de fígado de bacalhau e uma Caracu! E embrulha para viagem. Endereço de entrega? As 27 Unidades federativas.”


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pequi. Ou seria um ouriço? Os Deuses gostam de espinho.

Tão comum na Planalto Central, região de cerrado, seu nome significa “fruta dos deuses” . Por todo lado existe algo de pequi. Isso, eu até sabia. Já havia sido alertada por especialistas. Lá na Vila Industrial, em Campinas, onde fica a editora que eu trabalhava tem a pastelaria do Japa, em frente ao mercadinho da Vila e eles servem pimenta com pequi. Desde a primeira vez fiquei apaixonada pelo sabor. Tem mais hot e mais suave. Mas até aí, era ele lá e eu aqui. Separados por um vidro com liquido dentro. Meus colegas especializados na frutinha porém, me perguntaram se eu conhecia pequi. Eu disse que sim, sem prever o que estaria por vir e ainda reafirmei que na pimenta era uma delícia, o trem. Calda Novas. Na viagem de ida para Brasília paramos em Caldas Novas. O paraíso de crianças e pessoas da melhor idade. Desde que engravidei sempre quis levar o Dimi lá. Nem sei porque, mas tenho essa idéia fixa. Em Fernando de Noronha também. Entramos para conhecer um clube de águas

Status

Parte de mim é amor e a outra é ilusão. O exercício de viver é alargar as margens da primeira até que a outra simplesmente vire a uma. Tem dias que somos mais a primeira, tem dias que estamos na fronteira. Tem dias que somos pura beira. Não cobro e não ligo, olho pro lado e digo: nem vem, que eu sei voltar pra lá. É uma maré que sobe e desce, movida pelos sentimentos que são movidos pelos pensamentos. Já fui tsunami, já fui lagoa, fá fui até sertão, mas eu sei, é tudo condição. É passageiro. Eu sou passageiro, e também o mar, e também o chão. Ah essa Tao evolução, que cresce dentro da desconstrução. Esse tudo que busca se preencher de nada. Essa divisão que nos insiste, condição de alma triste, de um ego que se alimenta e se maquia de presente. E a união ali latente, aguarda soberana o fundir do último átomo, o ruir da última ilusão. Metade de mim é vida, a outra metade é desconstrução. 

QUE AS BOAS SEMENTES ENCONTREM O SOLO FÉRTIL

O sentimento que eu fico dessa eleição é que começamos sim a plantar algo diferente. O nosso projeto é ousado, exige destreza administrativa, habilidade em gestão pública, conhecimento de cidade. Tudo que o nosso candidato tem. Não é demagogia. Não precisa muito tempo pra entender isso. Dez, quinze minutos de conversa e você já saca.   Achávamos que nosso maior desafio seria o desconhecimento. Tonetti não é o cara de boteco, não é pastor, não frequenta enterro, não é demagogo. É um rapaz de técnica e de prática. Focado. Tem projetos. *nada contra botecos J Tonetti foi pra todo canto, mesmo com os ataques da oposição e sua velha política, seguíamos em frente. Tonetti aqui, Tonetti lá. Os ataques infundados se espalhavam pela cidade com o aval de veículos de comunicação a serviço do patrão e a nós restava continuar. Rodas de Conversa na pré-campanha e depois a mobilização nas ruas. Cada um era um semeador de ideias. Pouco a pouco, a sua aura, ainda construída pelo imaginár