Ai, quanta coisa! Tem aquele, tem esse e aquele outro.
Calma Alexandra, vai dar certo.
Eu sei, mas preciso dedilhar, senão não vai dar certo.
Mas tem que viver, talvez comer, banhar. Ai, tem que, tem que, tem que...
Mas, sempre dá! Porque será?
O que?
Que sempre dá!
Como é?
É assim.
Uma idéia?
Sim.
Ela cresce e o resto desaparece.
Você sabe o foco, mas não sabe ainda como será.
Como no teatro.
Uma idéia. Meia luz. Qual será a forma?
Surge a primeira frase.
As cortinas se abrem e o show vai começar
A pauta é o palco
Do nosso espetáculo
As palavras, os atores
Em busca da convergência perfeita
Uma vírgula certa, uma luz se acende, destaque
Atrás do palco o argumento aguarda a hora certa de cair no texto
A trilha sonora vai se criando
Na cabeça do leitor
À medida que ele decodifica o texto
e forma aquilo que chamamos de opinião
Palavras perfeitas, bela cena
Palavras erradas, ruídos, dispersão
Coesão é ritmo
Coerência é deixa
Escrever é arte por excelência
Encenar é redigir impressões autênticas
Escrever aguça os sentidos
Encenar desvenda-os
Despido de alma o texto é um punhado de caracteres mórbidos, frios e plácidos
Despida de alma a peça é lenta, desperdício, tormenta
Escrever e encenar são pontas do mesmo fio
É arte de amar o subjetivo
É técnica de buscar dentro dele o seu objetivo
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