Se a saudade contasse
um ponto, eu seria um aluno nota 10
Não seria um tonto
a navegar pelas
lembranças, aos meus sentimentos, tão fiéis
que ainda se fazem
úmidas de orvalho em pleno verão
Se a saudade contasse
um ponto
Eu seria mais que um
conto
Eu seria 15 laudas
cheias de ponto e de vírgula
porque saudade não é
fim, é trajeto
é revivamento das
próprias verdades.
Quando forte,
enlouquece
quando branda, alimenta
quando nula, vixe,
esquece
Se a saudade contasse
um ponto
eu seria 12 megapixels
de resolução
sinestésica, de memória prânica e causos proteicos
Que me fazem inteira,
que me alimentam a alma
Que me colocam diante
da vida como um cego
Se a saudade contasse
um ponto
eu já teria no mínimo
uma reta
Mas são mais que dois
pontos
mais que octono ou
polígono, porque se fechar, já era
Se a saudade contasse
um ponto
eu seria o placar final
do atleta
e daria empate, porque
aprendi a viver com ela
sem grandes torcidas,
apenas uma reverência discreta
Se a saudade contasse
um ponto
eu ganharia na mega
acertaria todos as
dezenas, a quina, o nº da rifa, numa única jogadela
Se a saudade contasse
um ponto eu gostaria mais dela
Porque seria mais
explícita e social
sem berrar dentro da
minha moela, ficando entalada na guela
Saudade é individual,
íntima, de travesseiro
e num contra ponto, com
seu mérito interesseiro,
mantém viva a chama da
alegria e da esperança
até o dia de chegar a
matança daquele espaço vazio
que constrói a ponte
ao coração que nunca cansa
e encontra, feliz a sua
dança
Ah se a saudade
contasse um ponto
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