Dia das mães é maravilhoso. Comercial ou não, pelo menos é
uma proposta amorosa e altruísta. E, nesses tempos, tudo que for amoroso e altruísta
é muito bem vindo :_)
Mas, 3 anos morando em Brasília, sem receber o abraço do meu
filho, ou o presentinho feito por ele na escola (e eu guardo todos), me fazem passar em branco,
confesso. Sem tristeza, apenas uma lacuna.
Nesse ano, uma coisa boa. Vou passar com minha mãe! A lacuna
ficou menor.
Voltando para a minha maternidade, estive pensando em tudo e
acho que o amor de mãe é elástico. Essa é uma boa palavra. Representa nossa
capacidade de dar uma bronca federal ao mesmo tempo que pensa: ‘poxa, como ele está
lindo, deve ter crescido uns dez centímetros e já fala inglês. Superou a
criação. :_) E essa 'tiradinha' hein? Que figura!’
Esse amor suporta um nível de tensão. É forte. Estando
longe, é como se o nosso ‘fio’ fosse esticado, esticado, esticado. E o prazo de
validade são 2 meses. Já testei! Depois disso, o fio começa estirar e até o
físico sente. E não é caso de lamúria. É mais ou menos assim: a gente acorda e
diz: tô com falta de Dimitri aguda. E daí, não tem solução. Só vendo mesmo,
tocando, beliscando, beijando a retina. E que belas ‘retinas’ :_)
Mas amor elástico é assim. Quanto mais estica....quando
solta a força é maior e slaft! Quando a gente se vê, tá tudo ali. Um jardim
selvagem que progride sozinho. Sem irrigação artificial.
Cheguei a ouvir de algumas mulheres que “jamais abandonariam
seus filhos”. Na época, senti meu coração tremer de dor. Pensava: que pena. Não tem
noção, sensibilidade e nem educação.
Recentemente, escutei numa conversa informal, que, deixar o
filho em local seguro, no caso, com o próprio pai e sua família, é um ato muito
mais amoroso do que, por apego, levar o filho para uma nova empreitada. Para se
arriscar com você. Pensei: minhas amizades também evoluíram :_)
Hoje, apenas sei que, algumas famílias seguem o ritmo
convencional, outras, experimentam outros tipos de amor e acho que esse tem
sido o nosso caso. E o amor de verdade não é abalado por 900 km, por
fronteiras, por sotaques. O amor verdadeiro atravessa o mundo num segundo. É
pensar e tchum. E a vida é uma construção. É uma história cheia de capítulos. Os
sete primeiros anos de vida, eu escrevi mais de pertinho. Agora, escrevemos a várias
mãos e mais de longe, mas não menos importante.
Eu tive a oportunidade de treinar o desapego, o amor na sua
forma mais sublime talvez e tenho aprendido muito com isso. Não é Fácil. Já fiquei
doente, mas me curei porque entendi isso. O amor não é óbvio, mas é
onipresente. E nem sempre será compreendido. Estamos acostumados ainda ao
apego. No meu caso, conto com a oportunidade do meu filho ter uma família maravilhosa.
Pai, madrasta, avós, tios, primos e primas e isso não é pouca coisa. E assim
estamos fazendo nosso laço elástico, mais para nó de marinheiro. Forte,
trabalhado e sujeito as intempéries do tempo e do espaço. Mas muito, muito lindo e resistente.
P.S.: Ao meu filho lindo que eu amei antes mesmo de chegar
na minha barriga. Meu norte verdadeiro, para combinar com o nosso nó de
marinheiro.
Comentários