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SOBRE A CRIANÇA INTERNA

Ok, você amadureceu cedo de mais ou não. O fato é que, agora se tornou um pai/mãe de família, empresário, cientista, médico...

Todo mundo, antes de ser tudo isso foi uma criança que viveu coisas, aventuras, realizou sonhos e também foi privada de aventuras, de sonhos e de experiências.

Acho que, quando os ‘nãos’ foram substancialmente mais presentes do que os ‘sins’, ou, simplesmente permaneceram na inquietude da alma, não se engane: sua criança vai esperar uma brecha para surgir e reivindicar tudo que julgar ser dela por direito.

Algumas pessoas (como eu) vão encontrá-la depois de uma experiência forte de uma grande perda, uma vivência de quase morte ou a cura de uma doença. Outras, de forma paulatina, nas entrelinhas do dia a dia.

No meu caso saí comprando skate, bicicleta, brindando a vida com tudo que é simples e sempre me fez feliz. Saí de um período de restrições comendo tudo que me dava vontade e fazendo o que dava na telha. Talvez, se pudesse, ‘compraria’ uma equipe para jogar pic bandeira e para dançar passinho por hoooras.

Entender a sua criança interna pode até fazer com que vocês caminhem lado a lado. Você, na sua idade ‘real’ e ela ao seu lado, recebendo um agrado ou outro sempre que possível, num ato de amor próprio, carinho e respeito à sua própria essência.

Quando não reconhecemos esse movimento da alma, a criança pode voltar querendo assumir a vida do adulto. Querendo reivindicar seus direitos a qualquer custo e comumente não se encaixando na realidade, principalmente social daquele pessoa, que tem dificuldade em perceber possíveis mudanças, por se tratar de uma parte de si mesma. 

É muito significante reconhecer esse nosso pedaço, essa morada de emoções e expectativas. Já vi pessoas com mais de setenta anos deixando a criança meio solta, perdida.  Acontece com nossos pais, irmãos, chefes, namorados, amigos. É um evento comum à todos nós, seres humanos.

No caso dos relacionamentos amorosos então, imagina se, do nada, duas crianças interiores passam a ter mais evidência. Quem se conheceu foi a parte cronológica e não as crianças. Conseguindo reconhecer isso, o casal poderia agradar também a criança do outro e continuar juntos e felizes. Os 2 e as 2 crianças na melhor das hipóteses. Acho que muitas separações seriam evitadas e muitas relações reinventadas.

Deixar essa criança vir e deixar ela falar é essencial para o amadurecimento da alma e para manter a chama da alegria acesa. Estar encarnado, vivo, é difícil pra chuchu. Não tem bula. A gente vai vivendo.

Vejo médicos, profissionais, jovens, pessoas em toda parte meio sem viço, sem energia. Não sou especialista, mas parece claro. A vida adulta é maravilhosa, mas a criança não pode morrer nunca, ou, não pode morrer até que ela simplesmente deixe de ‘surgir’. Quando sua alma já tiver sedimentado suficientemente sensações e vivências que ela sustentava. Quando tiver incorporado a criança. Porque ela existe é parte de você! Caso contrário seremos adultos ‘mancos’.

Vai, volta aí aos seus cinco, seis, sete anos. Como você era? O que te fazia feliz? Quantos ‘namorados’ você tinha? :_) Como você via a vida? Sua família? Quais seus brinquedos prediletos? Seu melhor amigo? Quais lembranças dos natais, dos seus avós? Você tem mais a agradecer ou a reivindicar? O que faltou? Tome consciência disso!

De lá para cá tanta coisa mudou não é? As responsabilidades, as escolhas de toda uma vida. Com que freqüência você tem se encontrado com a sua criança? Vocês estão de mãos dadas? As vezes pode deixar ela ir na frente, não para comandar, mas para v^-la melhor.

Fico imaginando toda essa guerra de egos e poder no trabalho, nas relações em geral, até com as pessoas que a gente mais ama. É necessário perguntar: o que me foi negado? Ainda faz falta ou está superado? É preciso estabelecer contato com a nossa pequenez. foi daí que surgiu tudo que você é. 

E assim, me pergunto como seria a política, a religião, a ciência, com pessoas que tem consciência das suas frustrações, dos seus sonhos, dos seus anseios? Como seria? 

Qual é a cara da sua criança? Ela sorri ou chora? E o que ela quer de você?  

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