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Mostrando postagens de 2015

SE A DOR PARAR DE DOER, PERDEREMOS NOSSA HUMANIDADE

Sou branca, filha da classe média. Meus avós maternos são campineiros e os paternos mineiros. Meu pai não mamou no peito. Só chazinho. Minha avó teve filhos em série, não tinha peito pra todo mundo. Meu avô materno chegou a ter 5 empregos. Estudei numa das melhores escolas de Campinas na época, porque meus pais entendiam que isso era a melhor herança para um filho. Não tenho carrão, moro de aluguel. Meu pai só frequentou o grupo escolar na fazenda, mas fala francês fluente porque seu trabalho exigia. Eu mal falo inglês. A cultura não foi muito contextualizada na minha vida. Fui aprendendo de curiosa e com o tempo as coisas ganharam sentido. Hoje agradeço a tudo, principalmente porque não esqueci quem sou. Minha avó materna era quase negra, meu avô paterno também. E eu já sofri preconceito por ser branca, por ser mulher, e por não ser “feia”. "Você está mais para modelo do que para jornalista", sim eu ouvi isso trabalhando num sindicato. “Você tinha cara de patricinha”, me al

UM MODELO PRA CHAMAR DE MEU

Já faz uns dias que tenho pensado sobre isso. Na verdade “issos”. A necessidade de ser guiado por uma religião e também na nossa sociedade patriarcal. Acho que esses dois temas estão tão intimamente ligados que é quase difícil destacá-los individualmente. Eu não me dou bem com a hipocrisia e não é de hoje. Muito nova ainda indaguei ao meu pai no que a virgindade ajuda se casais separam-se mesmo quando a mulher (claro) se casou na condição de virgem? Mesmo que a mente dela tenha percorrido livros, vídeos, conversas e fantasias eróticas. O sexo sendo vendido como sujo desde sempre. E pureza como inalcançável.  Daí a gente taxa as pessoas pela opção sexual. Mas péra aí? Defina ‘opção sexual’. Trata-se de penetração, de preliminar ou de relacionamento afetivo? Sim porque sexo anal é parte da cultura de muitos casais héteros, inclusive com a mulher na posição ativa. Tem homens que praticam sexo com mulheres mas, jamais se permitiram intimidade com elas. Soltam-se apenas entre os am

PARA NÓS, PARABÉNS!

Ontem foi o dia mundial da saúde e também o dia da profissão que escolhi. Por dez anos não tive outro ofício senão o de jornalismar :_) Cheguei a trabalhar em três lugares e achar uma brecha ao longo do dia para tocar projetos paralelos. Quanta inquietação e haja saúde! Minha primeira matéria foi um trabalho de geografia no ensino médio sobre uma visita a uma usina de cana-de-açúcar. Me deparei com os cortadores e sua realidade nada doce que me pegou por assalto. Eu, que não entregava tarefas e repeti  de ano por viver no mundo da lua tirei um dez verdadeiro. Aquilo precisava ser mostrado. Era desumano, escasso e em descompasso com a nossa realidade urbanamente confortável. Acho que a gente nasce jornalista. Quando vi minha grade curricular no primeiro dia de aula na faculdade, amei cada letrinha. Era muito bom voltar a estudar por opção depois de 3 ou 4 anos parada. Tinha um gosto gostoso como se eu enxergasse detalhes da paisagem que antes eu não via. Sala de aula, antropologi

PALAVRAS. O QUE VIRÁ DEPOIS DELAS?

De novo me pego no velho e esporádico dilema com as palavras. Ultimamente eu tenho reparado que só me agrada ler aquilo em que realmente sinto verdade. As palavras não têm culpa, é claro. Nem os poemas, nem as declarações mais românticas, e, principalmente elas. Pode ser bonito, arcaico, coloquial, mas se não “colar”, já era. E isso nada tem a ver com a forma. As vezes me canso de palavras. Ou talvez as ame tanto que fica mal ver seu uso indiscriminado. Palavras vazias são como flechas soltas no universo, perdidas, atravancando o fluxo de boas ideias e sensações altruístas. Uma vez eu conheci um poeta. Ele é para mim um arquiteto de letras. Enfiava aqui, dobrava ali e no final dava uma boa construção. Nesse mesmo dia encontrei também uma poetisa, um pouco menos famosa. Atendendo a pedidos, ela, na sua posição de coadjuvante declamou um poema de sua autoria. Era dela cada sensação, cada dor, cada libertação. Tinha tanta verdade ali que fiquei tosca. Daquele jeito que

RETRÔ 2014

Acho que é válido. Avaliar é sempre bom. Faz a gente dar um passo à frente em direção a nós mesmos. 2014 foi um ano incrível! Maravilhoso. Difícil como são também os anos cheios de aprendizado. Aprendi tanta coisa que seria realmente insano descrever tudo aqui, mas, do que eu consigo lembrar, aprendi que a imperfeição está mesmo na nossa pré disposição em vê-la como tal. Aprendi que o tempo transforma muita coisa em amizade, mas que algumas pessoas não vão mesmo gostar da gente e é um direito delas. Ponto. Aprendi que devemos estar abertos às novas oportunidades, mas que ter um plano para a vida é sempre bem vindo. Nem que seja para alterá-lo por completo como eu fiz. Depois de 4 anos em Brasília, cidade que adoro com a intimidade de quem nasceu e cresceu lá, meu coração sinalizou que era hora de voltar. Como não me preparei para viver longe do meu filho, a distância não estava mais sendo possível e eu não via como salutar tirá-lo daqui para simplesmente viver a vida que e