Perder o jogo nem vem ao caso, alguém tem sempre que perder numa Copa do Mundo. O feio foi ver se entregarem desde o início da partida e isso sim é questionável e a maior lição dessa Copa. É certo que, depois de 98 já não assustamos tanto, ainda mais se tratando do adversário França. Parece cíclico. Crisé de urucubaqué! A nação verde amarelo amarelou feio, aliás, vivemos amarelando. Uns chamam de pacifismo, outros de apatia, outros de vender a alma ao diabo.
O que fica é um baita vazio, um sentimentozinho tão conhecido de todos nós.
Em 2002, por exemplo, com a chegada do primeiro candidato de esquerda ao poder, nos enchemos de esperança e de coragem, por que sabíamos que o ideal de sociedade mais justa estava ali representado. Três anos depois, com a crise política deflagrada, uma ressaca moral acometeu todo o país, como hoje, quando o Brasil prostrou-se diante da França. Chegamos às quartas, e morremos na praia. Colocamos um líder popular no poder e deu no que deu.
O que mais dói, é pensar que o efeito alucinógeno da Copa vai passar e as bandeiras vão ser retiradas das janelas, o nacionalismo vai tirar seu time de campo, o mercado consumista vai achar outro alvo para ser moda e o sonho de ser o melhor do mundo vai de novo ficar distante. Vamos ver as filas do INSS, vamos ser de novo enganados por instituições públicas, nossos filhos e pais vão continuar com a educação e saúde precárias, o narcotráfico vai continuar sendo bancado pelo poder corrupto e pela alienação juvenil dos usuários de drogas que não reivindicam a legalização dos produtos, porque no fundo são eles os maiores preconceituosos, ostentando a bandeira de que o proibido é mais gostoso, enquanto pessoas sem visibilidade social morrem em silêncio nas periferias.
Tudo isso nos fará hexaderrotados e sem sentimento de nacionalismo. Aprendemos a tolerar nosso solo fértil com as sementes podres que tem. É claro que há um lado bonito nisso tudo, um amor que aceita até mesmo os defeitos mereceria complacência, mas assumo, o hexa para o Brasil seria um tiro pela culatra. Para uma nação tão fragilizada, seria o mesmo que vestir uma linda roupa numa criança com fome e espancada. O hexa é um título belo, e até merecido pela nossa tradição futebolística, mas chega de viver de aparências e títulos. Nossa nação precisa é de realidade vencedora. Nós sorrimos sim, e com isso acabamos aceitando nossas desgraças, somos acolhedores e perpetuamos no poder uma corja de administradores públicos, capazes de dedicarem suas vidas ao enriquecimento ilícito de suas famílias com o nosso dinheiro. Nosso solo tem mais vida, mas continuamos sem reforma agrária, expandindo o plantio de monoculturas em áreas de concentração de farta biodiversidade. Temos a maior reserva de água doce do mundo e continuamos poluindo desenfreadamente nossas águas. Chega de mentiras! O hexa não concertaria nada disso e o pior, talvez nos fizesse esquecer.
Amanhã a gente pode curtir uma ressaca normal, de quem sente, de quem ama, de quem tem o esporte na veia, mas na segunda-feira deveríamos ser mais brasileiros. Amar de verdade a idéia de sermos os melhores do mundo. Evoluir enquanto nação, sem essa de país jovem. Temos potencial para não cometer os erros dos países do velho continente. Como os jogadores brasileiros que saíram do campo cumprimentando os jogadores franceses, mostrando que esporte é auto superação pura, física e moral e dando ao mundo a melhor jogada, a do peso e da medida.
Perdemos a Copa com um time de estrelas, mas é preciso mais. É preciso olhar para o céu e reconhecer o seu brilho e por que não, as suas posições.
Quando o Brasil for HEXA, espero que tenhamos mais que isso pra comemorar e que a nossa alegria possa ser vivenciada em todas as instâncias desse país.
Viva o Brasil! E mãos a obra brasileirada.
Alexandra Dias
O que fica é um baita vazio, um sentimentozinho tão conhecido de todos nós.
Em 2002, por exemplo, com a chegada do primeiro candidato de esquerda ao poder, nos enchemos de esperança e de coragem, por que sabíamos que o ideal de sociedade mais justa estava ali representado. Três anos depois, com a crise política deflagrada, uma ressaca moral acometeu todo o país, como hoje, quando o Brasil prostrou-se diante da França. Chegamos às quartas, e morremos na praia. Colocamos um líder popular no poder e deu no que deu.
O que mais dói, é pensar que o efeito alucinógeno da Copa vai passar e as bandeiras vão ser retiradas das janelas, o nacionalismo vai tirar seu time de campo, o mercado consumista vai achar outro alvo para ser moda e o sonho de ser o melhor do mundo vai de novo ficar distante. Vamos ver as filas do INSS, vamos ser de novo enganados por instituições públicas, nossos filhos e pais vão continuar com a educação e saúde precárias, o narcotráfico vai continuar sendo bancado pelo poder corrupto e pela alienação juvenil dos usuários de drogas que não reivindicam a legalização dos produtos, porque no fundo são eles os maiores preconceituosos, ostentando a bandeira de que o proibido é mais gostoso, enquanto pessoas sem visibilidade social morrem em silêncio nas periferias.
Tudo isso nos fará hexaderrotados e sem sentimento de nacionalismo. Aprendemos a tolerar nosso solo fértil com as sementes podres que tem. É claro que há um lado bonito nisso tudo, um amor que aceita até mesmo os defeitos mereceria complacência, mas assumo, o hexa para o Brasil seria um tiro pela culatra. Para uma nação tão fragilizada, seria o mesmo que vestir uma linda roupa numa criança com fome e espancada. O hexa é um título belo, e até merecido pela nossa tradição futebolística, mas chega de viver de aparências e títulos. Nossa nação precisa é de realidade vencedora. Nós sorrimos sim, e com isso acabamos aceitando nossas desgraças, somos acolhedores e perpetuamos no poder uma corja de administradores públicos, capazes de dedicarem suas vidas ao enriquecimento ilícito de suas famílias com o nosso dinheiro. Nosso solo tem mais vida, mas continuamos sem reforma agrária, expandindo o plantio de monoculturas em áreas de concentração de farta biodiversidade. Temos a maior reserva de água doce do mundo e continuamos poluindo desenfreadamente nossas águas. Chega de mentiras! O hexa não concertaria nada disso e o pior, talvez nos fizesse esquecer.
Amanhã a gente pode curtir uma ressaca normal, de quem sente, de quem ama, de quem tem o esporte na veia, mas na segunda-feira deveríamos ser mais brasileiros. Amar de verdade a idéia de sermos os melhores do mundo. Evoluir enquanto nação, sem essa de país jovem. Temos potencial para não cometer os erros dos países do velho continente. Como os jogadores brasileiros que saíram do campo cumprimentando os jogadores franceses, mostrando que esporte é auto superação pura, física e moral e dando ao mundo a melhor jogada, a do peso e da medida.
Perdemos a Copa com um time de estrelas, mas é preciso mais. É preciso olhar para o céu e reconhecer o seu brilho e por que não, as suas posições.
Quando o Brasil for HEXA, espero que tenhamos mais que isso pra comemorar e que a nossa alegria possa ser vivenciada em todas as instâncias desse país.
Viva o Brasil! E mãos a obra brasileirada.
Alexandra Dias
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