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A Catedral

Todas as minhas impressões aqui são toscas, desprovidas de profundidade e embora tenha me entusiasmado em ler mais sobre os sete projetos que disputaram Brasília, os porquês, as inspirações, tento nesse momento olhar tudo apenas com a minha desfigurada visão de leiga, forasteira, de quem olha e sente antes mesmo de enxergar.


Mas voltando à Catedral, de fora, uma coroa. Como se ela tivesse mesmo sido premiada para estar ali, próxima ao poder.


O vazio que ela propõe, iluminado pelo reflexo dos vitrais remete à instrospecção profunda. Talvez aquele vazio para onde as religiões deveriam nos conduzir. Onde encontramos a nossa sujeira interna e temos a chance de expurgá-la para então enxergar através de nossos vitrais.


Mas de cara vi Jesus ali, para variar. Crucificado, enchendo meu vazio de mais e mais culpa. Os três anjões enormes, pendendo sobre nossas cabeças também me incomodaram. Parece coisa de natal. Eu gostei tanto do vazio, que tudo me incomodou. A réplica de Pietá, parece que única do mundo, de Nossa Senhora foi o golpe final. Mais culpa. Uma mãe que carrega o filho morto nos braços, fruto da tirania humana. Não ali. No vazio sagrado. Não combinava.


Resumindo, não bateu em mim a catedral. São os vazios difíceis de compreender de Brasília. Foram logo mentendo coisa lá dentro e quando você acolhe o vazio, já vai sendo invadido, desviado. É nossa resistência em encontrar nossa sujeira íntima.

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