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Mostrando postagens de maio, 2011

HOJE QUERO SER HUMANO - 2008/2011 Porque definitivamente, as picuinhas femininas cansam

Hoje quero ser humano Tirar o sexo feminino E vestir nada Quero expor todas as vísceras e as mágoas Os sorrisos e os sentimentos Quero ser vista nua De pele e de textura Quero só o dentro Sem casca nem membro Quero ser vista apenas como Eu Sem pré, nem pós requisitos Quero ser compreendida Enxergada Hoje quero ser visível Quero ser Humano Nem homem, nem mulher Sem manobra de perpetuação de espécie Só eu mesma Só eu nessa Só Eu Hoje quero ser Humano Nem barriga, nem bunda Nem peito, nem cicatriz Quero ser coração Quero ser errante Quero ser feliz Sem julgar Sem julgadas Apenas Eu aprendiz Que hoje quer ser Humano E quer também ser o que diz Que se hoje sei Ser Humano Sou menos aprendiz Por que a lição não vai além disso De ser o que diz Que hoje sei Ser Humano

ESCOLHAS - 2008

Questão de arte ou de sorte? Nescafé ou Nescau? Amor ou paixões? Apostar tudo em uma ficha ou apostar em todas as fichas? Como seguir em paz? Responde aí quem for hábil nas escolhas... Sei tudo que não quero E percebo que não basta É preciso querer algo, alguém Mas nós amamos o torto Somos tortos E quando dizer não ao próprio sentimento? A razão de milhares de vidas é que temos um ponto de saturação Dali pra frente não conseguimos mais evoluir sem esquecer o passado E todas as escolhas passam a ser um fardo, cheias de medo e de conflitos Acho que vou tomar um remédio E esquecer tudo E nascer de novo Com trinta, claro Mãe do Dimitri E livre Como aos 18 anos Quando ninguém e nada me aprisionava E eu era dona do meu coração Da minha alma E tinha sonhos Pra caramba E não soube realizá-los Não saltei Não fiz dança de salão Não fui para Europa Não corri a meia maratona Não tenho uma máquina Ne

É O QUE O MEU CORAÇÃO SENTE - 2008

É o que o meu coração sente É tremer na base mesmo não tendo quinze anos É sentir o mundo parar E parar o mundo pra você passar É querer o melhor pra alguém Ser, dar, compartilhar o melhor Querer pegar no colo E querer se jogar no colo É encontrar na boca do outro a sua própria língua É sentir que mesmo no verão, os dias ficam levemente cinzentos quando você não vem E quando você chega Da pele ao vestido, tudo melhora Você está completa Respira fundo Deixa de sobreviver e vive Se locomove com graça Tudo fica tranquilo Mesmo a 300 quilômetros por hora É como meu coração sente E quando você vai Leva um pouco do meu sentido E preciso firmar a rota de novo Por que já não sou muito dona de mim Tem uma parte que é só sua E não me respeita E pensa, sente, lembra Mesmo que eu a proiba Por que sou sua Por que somos nossos Nossos presentes Nossas preces Que o mundo todo sente “No coração dessa mulher

A GINÁSTICA DO AMOR - 2008

Começa bem cedo Quando não queremos que nosso pai nade no fundo do mar para não ser comido pelo tubarão Quando sentamos ao lado de nosso avô sem falar uma palavra e sentimos a segurança do mundo ali Quando olhamos para os amigos na nossa festinha surpresa e vemos a alegria nos olhos de cada um por terem lhe pregado uma peça Quando gritamos “We Are The Champions” na formatura abraçados com aquelas pessoas que se tornaram nossa nova família Quando acabamos um relacionamento amoroso e olhamos para as ex-sogras, as ex-avós, as ex-tias e choramos muito porque aprendemos a amá-los como se fossem nossos, e são Quando temos que mudar de planos e mesmo assim olhamos com carinho para quem fazia parte deles Quando olhamos para o um amigo sofrendo e mesmo querendo falar um milhão de coisas corremos na sua direção e o apertamos bem forte contra o peito Quando sentimos que a vida jamais tivera tanto valor porque agora carregamos uma vida no ventre Quando “a vida” sai do v

Medo do amor - 2008

O que importa É que não sinto raiva do amor Aprendi que ele pode ficar guardado E que há tanto amor no mundo Para ser observado Pessoas felizes Adolescentes aos amassos Mamães sorrindo com os bebês Pessoas jurando amor no altar Pessoas morrendo e deixando saudades Como poderia te odiar amor Você está em tudo Ao redor, dentro e fora O que importa é que não sinto raiva do amor

Bicho fé

Já chorei Já sorri Achei que morreria de saudades Mas sobrevivi Fui até a imortalidade emocional A fronteira entre a realidade aceita com serenidade E a loucura da intransigência, que rejeita aquilo que não se havia vivido Com isso, acho que aprendi Olhei para trás e não me vi Eu não estava ali nem lá Eu estava apenas aqui Já não tinha teto, não tinha nada Só o relógio marcando E a placa avisava Eu tinha o tesouro de Salomão E deixei-o em boas mãos Peguei o mapa do destino e segui em frente então Sem saber o que me esperava no caminho Dei comida ao bicho fé que ia comigo E segui meio com gente, meio sozinho Hoje, peguei a estrada e comecei a abrir o pergaminho Ainda não vi nada Estou curtindo o meu bichinho Se abrir o mapa de ansiedade Ele fica raquitinho Então, deixa na forma de canudinho Enrolado, de prevenção, bem ali no cantinho Vou seguindo bem tranqüila Amarrada ao bicho fé

Fêmea

Sou fêmea Efêmera insustentável Para quem o encantar não é praxe Sou fêmea em brasa Aguardando o coração quente E a alma leve Molha-me os lábios O olhar que cortou meu silêncio E me trouxe de volta ao meu gênero Sou fêmea Sou efêmera na capacidade de te achar interessante Mas achando Vou molhar teus lábios e esquentar teu corpo Entre minhas pernas Entre o seu sono Vou lamber seu ego Vou velar teu sono Afagar-te os pêlos Embalar teu colo Transformar seus hormônios Em suor ergonômico Vou brincar de um Vamos ser homônimos Sou fêmea Sou efêmera Sou terna Sou fraterna Sou tudo, sou nada Mas consistente que sou Devo ser tomada para si E você para mim Te espero Como eu quero Eu levo você comigo Mesmo sem saber Um dia te conto Te dispo Te digo Ao pé da orelha Te mostro Revelo Meu elo Contigo Sou fêmea Sou efêmera na constância de avançar E ser Mulher

Digerindo a minha vida para então me alimentar de novo

Vou esquecer meus sonhos, minhas escolhas erradas, minha persistência burra. Vou digerir tudo e excretar. Não vai sobrar nada de velho, só a essencia e o precioso. Depois disso, ainda ibernando, vou dormir o sono dos justos. Depois devo acordar, limpa e pura novamente. Como deve ser. E aí sim, novas coisas podem se aproximar da minha alma novamente. Hora de digestão. Vou me ausentar pelo tempo que for necessário.

O fel necessário

Até agora, o ensejo de sair pela porta da miséria existencial me fez relevar tudo. Tudo mesmo. Nem cheguei a olhar para trás. Hoje, liberta, tento evitar a sensação que a pouco não me assedia Raiva Que cheguei a descontar fisicamente E nem senti remorso Porque foi pouco Muito pouco pela desconstrução de tudo que se tentou Do mundo que acredito Do mundo que venho construindo Do mundo que venho amando E da forma como amo Claro, também vai passar Mas hoje, agora, nesse minuto existencial Tenho nojo Tenho asco Não tenho saco Repulsa pela “habilidade” torta da mentira desnecessária Sinto pena, da doença aflita que coloca alguém nesse labirinto de fauno E de onde ela mesma não consegue sair Que sofra toda dor capaz de curar esse mal Esse lodo Fétido Sem charme, com mofo E não há músculos, não há pele, não há perfume que encubra isso É fake, é morfo Que toda essa dor possa limpar essa merda toda e traze

A alegria me pegou de jeito hoje pela manhã

Dirigindo sob o Sol brilhante com um fundo azul, anil brasílico, brisa da manhã e uma boa música de uma boa rádio. Todos os meus sentidos foram tomados de assalto. Eu estou feliz! Como sempre fui, como sou e não tenho culpa. Rasguei a capa preta que tentava cobrir meu verde limão. Estou cheguei. Estou fluorescente. Estou crescente. Estou tropeçando na alegria e sendo amparada pelo amor. Mas é tudo simples. Não é um show de mega produção. Não é o nascimento de um filho. Não é a festa de formatura. Mas contém tudo isso. Acordei só, e nunca em toda minha vida estive tão cheia de mim, de nós. Dos meus nóses. A santinha da Tereza saiu da caixa, e velou meu sono. Sua caixa de gelo na prateleira. Eu nem tenho gelos, mas tive avó e ela ficará por ali. A força de meu pai me fazendo carregar tudo sozinha sem tanta dificuldade (rejeitei a ajuda de amigos). A praticidade de minha mãe me ajudando a limpar tudo de cima a baixo para descansar o sono dos justos. Limpo. O

Solitude

Quanta saudade Que gostoso ter com você Vou contar aquela piada que ninguém ri, mas eu gosto e vou gargalhar. E bem alto. Vou dizer dos meus amores, romantismo vão, tão caretas, mas tão meus. Fidelidade com meus sentimentos. Onde posso assumir tudo sem nada em troca. Onde a minha verdade não é meia, mas sentimento. Estou louca para encontrar comigo. Com meu melhor. Aquilo que a gente só começa mostrar depois de dez anos de convivência. Aquilo que se revela aos poucos para os corações mais atentos. Onde sem peso algum, posso pesar as escolhas e, sem enlouquecer, apenas virar a página e agradecer. Diz o Dimitri, a escolha é sua, e eu respeito. Digo eu, a cria surpreendeu. Aqui não tem distancia, não tem medo. Aqui é alegria, porque tem consciência da solidão. Solidão existencial, necessária, que faz seguir em frente. A solitude é a cama da inconsciência. Onde se deita confortável para se digerir aquilo que se viveu. Repouso de fato. Com sonhos e alguns