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O medo do Teo. Vida A2.


Ele só tem 23anos, é jovem e inteligente. O que temem os jovens de 23? A crise econômica? Medo de não ter aposentadoria? Falência do sistema previdenciário e financeiro?



Não, nesse caso em especial, ele é tudo isso, e tem medo de se entregar a alguém. Isso mesmo, num relacionamento. Um certo dia esse foi o assunto lá na redação. A boca miúda, é claro.


Eu pensava em como alguém tão promissor poderia ter sido marcado tão fortemente assim?


Então eu, toda segura e madura disse que passaria. Esse medo passaria tão logo encontrasse alguém bacana, que inspirasse a sua vida suficientemente para nem fazê-lo pensar nisso.


Eu acreditava mesmo nisso. Tinha certeza até. Com o tempo todo mundo esquece a dor e o que fica é a vontade de ser feliz e encontrar alguém legal.


Fato é que essa “verdade” estava amparada pelo simples fato de eu morar na casa do meu pai, com meu filho e minha irmã, trabalhar entre amigos, ver amigos quase que diariamente e não ter tempo para pensar abobrinha. Além disso, meu noivo tem o hábito da leitura e sempre ia me visitar depois de estudar, logo pela noitinha, completando um ciclo.


Não dá para ter medo de nada assim.


Tudo no seu lugar. Cada coisa uma coisa.


Agora, estou eu aqui, no furúnculo do país, distante de todo mundo para quem eu sou a tia, irmã, mãe, filha, amiga, ao lado de um homem que saíu do banho, pegou um lap top, sentou e calado está até agora estudando um novo programa sem falar nada.


Mas o que tem de problema nisso?


Nada, ué?


Isso, nada.


Mas sou só eu e ele entende?


E ainda hoje, quando chegou do trabalho, (eu fiquei aqui no hotel, mandando currículos, fazendo a unha e assistindo a novela de 5ª categoria que reprisa no SBT, a Esmeralda que eu adoro), começou a bater papo e chegou no assunto que trabalha entre pessoas jovens. E aí nós rimos, dizendo que ele está a par de todas as baladas e tal.


Foi então que a merda estava prestes a explodir no ventilador. Disse que as duas estagiárias e o rapaz que trabalham na sala dele são super novos. As meninas tem 17 e 18 anos. Uma delas ele sugeriu que se inscrevesse na “Menina fantástica” porque é muito bonita. Beleza, tudo tranqüilo. O problema, é que, ao se referir da outra, foi apontando com os olhos para minha barriga e dizendo: “ela não é tão bonita, é cheia de pneu na barriga.” Olhando para minha barriga mesmo!


Tudo bem, parece uma coisa adolescente, não de uma mulher que tem 33 anos.


Mas cara, eu era o escroto da história. Quando a gente ama, no meu imaginário romântico, a barriga do outro é imaculada e sim, odiei ser comparada com o lado desprivilegiado da história.


Parecia que eu era um peso na porta.


Ok. Direto ao ponto.


Porque essa dificuldade em pensar no fato de eu estar com alguém e apenas esse alguém, do outro lado do país, ou pelo meio do país, e de repente, ele me compara a coisa mais desprezível do assunto e eu me desmorono toda?


Será que o passado sempre pesará no fundo, no fundo? Eu, sinceramente desejo que não.


Eu tive uma sucessão de traições amorosas. Meio que inesperadas, e de diferentes parceiros. Agora, parece que no fundo não me sinto um ser passivo de ser amado como mulher. E amor não prevê verdade? Ele só quis dizer e foi espontâneo, eu sei.


Ele riu na hora do incidente. Mas no fundo eu senti algo muito estranho. Meio: í, virei a mãe do indivíduo.


No fundo no fundo, eu sei que o problema sou eu e é meu. Ganhei muitos quilos nessa paranóia por trabalho e dinheiro e encontrei mais trabalho do que dinheiro e quase nenhum tempo e paz de espírito para me cuidar.


Há dois anos não danço nada. Nem aula, nem baile, meu lado mulher está no sótão. Junto com os pneus. Há há há


Agora cabe a mim resolver limpar essa sujeira emocional e adiposa.


É Teo, você tem medo de se entregar aos 23, lindo e inteligente? É melhor se tratar. Aos 33, fica mesmo mais difícil.

















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