Porque meu Deus o Zé Carlos tinha razão?
Certa vez, no auge do desespero por dividir com alguém o início de uma batalha sem precedentes: tinha que matar alguém que estava bem vivo no meu coração e precisava de ajuda, procurei um psicólogo na lista telefônica e encontrei o Zé, como permite ser chamado carinhosamente.
Chegamos a ficar amigos. Paguei poucas e pendurei muitas consultas. Ele se sensibilizou com uma mãe recente que não tinha para onde correr e precisava de algumas soluções.
Como terapia, ele me dizia coisas que geralmente eu fazia tudo ao contrário. Eu sou assim mesmo, meio dominada pelo meu coração. E olha que ele é tolerante pakas, mas quando resolve enxergar, cara, é visão além do alcance.
A intuição me transforma num Ciborg de alto nível.
Mas vamos ao Zé e ao jogo.
Dizia o Zé naquela época que jamais devemos deixar o parceiro seguro de nossos sentimentos. Isso se tratando de uma mulher para um homem. Não sei como é com o inverso e com os casais homo ou bi.
Era mais ou menos assim: como o homem é caçador, precisa sempre sentir um gosto de desafio no ar. Tem que querer caçar a mesma vítima uma vez, duas, o resto da vida.
Foda hein?
Eu, muito ao contrário disso, sigo querendo que as pessoas ao meu redor saibam, além de seu próprio nome, que podem contar comigo e que, se algum dia cheguei a dizer que as amava, seriam realmente pautas na minha vida. Fundamentais.
Como não conseguia entender aquela idéia do Zé, não conseguia aplicá-la na prática e não consigo. E nem quero, na verdade!
Sou mulher, sagitariana, o que me concede um espírito aventureiro, mas, essencialmente leal. Com ascendente em peixes, sou um pouco carente e introspectiva. Sou carente de alegria. Preciso estar feliz.
O que estar feliz? É, mesmo na merda, sem dinheiro, sem poder de ir e vir, ainda assim sentir e conseguir fazer piada. E agradecer a Deus por sei lá o quê.
Voltando ao jogo.
Às vezes sinto que os relacionamentos da nossa cultura, ou pelo menos da faixa etária e cultural a que pertenço - década de 70, meio pobre, mas, com bom acesso a cultura, família maneira, bem presente - se enquadram mesmo nessa porcaria de jogo.
Ficar medindo forças com o parceiro que divide a mesma cama, mostrando quem tem mais amigos no msn, quem tem mais escolhas acertadas (receber salário em dia), quem tem mais posse, quem tem isso, mais aquilo, sei lá, pra quê isso?
Todo mundo tem passado e tem futuro. No meu caso, acredito que temos mais futuro do que passado, pois penso que somos eternos, embora me dê certo cansaço existencial pensar nisso. Todo mundo tem pipi e vagina, exceto os hermafroditas que tem os dois, então poxa, que raios fazem duas pessoas se juntarem, escolher um projeto de vida juntos, senão a porcaria da lealdade, da intimidade de dividir risadas, perdas e ganhos. O prazer de estar perto, porque na boa, não sabemos o dia de amanhã.
Espelho, espelho meu, existe alguma coisa mais afrodisíaca do que isso? Existe algo mais brilhante, mais extasiante do que isso?
Sexo, bunda, xoxota, traição, botox, prótese! Ninguém, ninguém fala na porcaria do programa sobre entrega e cumplicidade. Amor pleno, escolhas absolutas, casais eternos. Ficou blasé amar incondicionalmente o parceiro em meio a tanta oferta?
Daí vem Rhianna, Britney, Lady Gaga, caralho! Todo mundo rebolando, dizendo para os homens que somos poços de esperma. “Vá buscar companheirismo na torcida organizada do seu time, na catarse de uma vitória no paulistão porque mulher é pra se cúmer entendeu?”
Cadê a sensualidade do cinema chinês?
Cadê aquela nuance de filmar a gola alta do vestido de cetim e o andar firme da atriz com o corpo totalmente coberto. Sensualidade sutil, enigmática. Enquadrar as mãos aflitas por um telefonema?
Mas não, até a propaganda do Kuat faz alusão a mulher comestível. O cara fica com tesão pela mãe do colega.
Todo mundo gosta de sexo, todo mundo quer gozar, mas pelo amor de Deus, a vida deve ser mais que isso.
Morte a essa falta de criatividade, morte a essa rebolação interminável. Morte ao fim do amor, por favor!
Toda mulher, eu digo isso porque já dancei e amo dançar e sei que qualquer pessoa com um bom instrutor e alguma dedicação, consegue rebolar, ser vulgar, insinuante. Toda mulher guarda uma puta dentro de si. Até as freiras. Nascemos com isso. Todas nós, sem exceção. Deve ser a tal da maçã.
Mas, caramba, chega disso aos 4 ventos. Somos mais que isso.
A geração da minha sobrinha absorve essa merda como se toda relação fosse isso: “o cara me pega, me venera, mas me chifra, e eu tenho poder sobre ele porque sou gostosa e ele volta e me venera.”
Alooooou!
Homem não venera. Homem come! E vai embora. Até que enjoe. Isso se não virar gay.
As mulheres estão se tornando chatas e masculinas e os homens, viados de alma. Falo isso sem preconceito algum, mas falo aqui de homem com capacidade de ver uma mulher por inteiro. Mulher que pari, que cai as divinas tetas, que rala, que ama, que doa, que goza, que enruga, que dá a vida pelos que ama.
Mas, se nem as mulheres estão se vendo, como é que os caras vão conseguir?
O amor não pode ser um jogo.
Eu entrego minhas cartas porque não joguei paciência o suficiente para tolerar esse tipo de coisa.
Amor não é jogo, não mede forças, não é uma caça.
No amor todo mundo ganha, as forças se somam, ninguém precisa morrer para outro começar a viver.
Pelo menos no meu.
Zé, você compreendeu o mundo, mas eu ainda não compreendi. E não aceitei.
E na boa, nem vou aceitar.
O mundo que fique com seu grande streap poker de merda, e eu com minhas ilusões românticas.
Certa vez, no auge do desespero por dividir com alguém o início de uma batalha sem precedentes: tinha que matar alguém que estava bem vivo no meu coração e precisava de ajuda, procurei um psicólogo na lista telefônica e encontrei o Zé, como permite ser chamado carinhosamente.
Chegamos a ficar amigos. Paguei poucas e pendurei muitas consultas. Ele se sensibilizou com uma mãe recente que não tinha para onde correr e precisava de algumas soluções.
Como terapia, ele me dizia coisas que geralmente eu fazia tudo ao contrário. Eu sou assim mesmo, meio dominada pelo meu coração. E olha que ele é tolerante pakas, mas quando resolve enxergar, cara, é visão além do alcance.
A intuição me transforma num Ciborg de alto nível.
Mas vamos ao Zé e ao jogo.
Dizia o Zé naquela época que jamais devemos deixar o parceiro seguro de nossos sentimentos. Isso se tratando de uma mulher para um homem. Não sei como é com o inverso e com os casais homo ou bi.
Era mais ou menos assim: como o homem é caçador, precisa sempre sentir um gosto de desafio no ar. Tem que querer caçar a mesma vítima uma vez, duas, o resto da vida.
Foda hein?
Eu, muito ao contrário disso, sigo querendo que as pessoas ao meu redor saibam, além de seu próprio nome, que podem contar comigo e que, se algum dia cheguei a dizer que as amava, seriam realmente pautas na minha vida. Fundamentais.
Como não conseguia entender aquela idéia do Zé, não conseguia aplicá-la na prática e não consigo. E nem quero, na verdade!
Sou mulher, sagitariana, o que me concede um espírito aventureiro, mas, essencialmente leal. Com ascendente em peixes, sou um pouco carente e introspectiva. Sou carente de alegria. Preciso estar feliz.
O que estar feliz? É, mesmo na merda, sem dinheiro, sem poder de ir e vir, ainda assim sentir e conseguir fazer piada. E agradecer a Deus por sei lá o quê.
Voltando ao jogo.
Às vezes sinto que os relacionamentos da nossa cultura, ou pelo menos da faixa etária e cultural a que pertenço - década de 70, meio pobre, mas, com bom acesso a cultura, família maneira, bem presente - se enquadram mesmo nessa porcaria de jogo.
Ficar medindo forças com o parceiro que divide a mesma cama, mostrando quem tem mais amigos no msn, quem tem mais escolhas acertadas (receber salário em dia), quem tem mais posse, quem tem isso, mais aquilo, sei lá, pra quê isso?
Todo mundo tem passado e tem futuro. No meu caso, acredito que temos mais futuro do que passado, pois penso que somos eternos, embora me dê certo cansaço existencial pensar nisso. Todo mundo tem pipi e vagina, exceto os hermafroditas que tem os dois, então poxa, que raios fazem duas pessoas se juntarem, escolher um projeto de vida juntos, senão a porcaria da lealdade, da intimidade de dividir risadas, perdas e ganhos. O prazer de estar perto, porque na boa, não sabemos o dia de amanhã.
Espelho, espelho meu, existe alguma coisa mais afrodisíaca do que isso? Existe algo mais brilhante, mais extasiante do que isso?
Sexo, bunda, xoxota, traição, botox, prótese! Ninguém, ninguém fala na porcaria do programa sobre entrega e cumplicidade. Amor pleno, escolhas absolutas, casais eternos. Ficou blasé amar incondicionalmente o parceiro em meio a tanta oferta?
Daí vem Rhianna, Britney, Lady Gaga, caralho! Todo mundo rebolando, dizendo para os homens que somos poços de esperma. “Vá buscar companheirismo na torcida organizada do seu time, na catarse de uma vitória no paulistão porque mulher é pra se cúmer entendeu?”
Cadê a sensualidade do cinema chinês?
Cadê aquela nuance de filmar a gola alta do vestido de cetim e o andar firme da atriz com o corpo totalmente coberto. Sensualidade sutil, enigmática. Enquadrar as mãos aflitas por um telefonema?
Mas não, até a propaganda do Kuat faz alusão a mulher comestível. O cara fica com tesão pela mãe do colega.
Todo mundo gosta de sexo, todo mundo quer gozar, mas pelo amor de Deus, a vida deve ser mais que isso.
Morte a essa falta de criatividade, morte a essa rebolação interminável. Morte ao fim do amor, por favor!
Toda mulher, eu digo isso porque já dancei e amo dançar e sei que qualquer pessoa com um bom instrutor e alguma dedicação, consegue rebolar, ser vulgar, insinuante. Toda mulher guarda uma puta dentro de si. Até as freiras. Nascemos com isso. Todas nós, sem exceção. Deve ser a tal da maçã.
Mas, caramba, chega disso aos 4 ventos. Somos mais que isso.
A geração da minha sobrinha absorve essa merda como se toda relação fosse isso: “o cara me pega, me venera, mas me chifra, e eu tenho poder sobre ele porque sou gostosa e ele volta e me venera.”
Alooooou!
Homem não venera. Homem come! E vai embora. Até que enjoe. Isso se não virar gay.
As mulheres estão se tornando chatas e masculinas e os homens, viados de alma. Falo isso sem preconceito algum, mas falo aqui de homem com capacidade de ver uma mulher por inteiro. Mulher que pari, que cai as divinas tetas, que rala, que ama, que doa, que goza, que enruga, que dá a vida pelos que ama.
Mas, se nem as mulheres estão se vendo, como é que os caras vão conseguir?
O amor não pode ser um jogo.
Eu entrego minhas cartas porque não joguei paciência o suficiente para tolerar esse tipo de coisa.
Amor não é jogo, não mede forças, não é uma caça.
No amor todo mundo ganha, as forças se somam, ninguém precisa morrer para outro começar a viver.
Pelo menos no meu.
Zé, você compreendeu o mundo, mas eu ainda não compreendi. E não aceitei.
E na boa, nem vou aceitar.
O mundo que fique com seu grande streap poker de merda, e eu com minhas ilusões românticas.
Comentários
O pior são as mulheres que querem o mesmo direito, só que a cada dia são mais capachos dos caprichos dos homens, mostrando td a toda hora, como querem ser tratadas se são apenas vulgar? E os homens cada vez mais, idolatrando, mulher pera, uva, todas as frutas, como se esse fosse o tipo de mulher padrão, esquecem do companherismo do dia a dia, da luta, das alegrias, da dor... td não passa de bunda, peitões...
Gostosa de verdade é aquela que está do lado apoiando, e não um par de silicones...
Ontem ouvi o comentário mais machista... Sabe pq homem vai no salão do automóvel? a respota do infeliz, pra ver o quanto é pobre e o quanto sua mulher é feia.. rídiculo... mas infelizmente é isso...
muito bom Xan
beijokass
Sabe, acho que é mais um problema das próprias mulheres do que dos homens. Penso que eles dançam a nossa música.
Se são assim, são porque são criados por mulheres que acreditam nisso e depois encontram outro punhado delas para se "relacionar".
Nossa, vamos queimar o sutien e as calcinhas daqui a pouco! Mas penso mesmo nisso.
É uma crise das fêmeas!!! hihihi