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Mostrando postagens de 2012

O mundo sempre acaba, mas sempre recomeça. Feliz 2013!

Nessa época sempre bate aquela vontade de compartilhar a colheita com os amigos. Agradecer os sorrisos, os apertos de mão, os abraços ou simplesmente o coleguismo. Nesse ano tive o privilégio de ganhar muitas bolas novas para minha árvore da vida. Estrelas e anjos. Também foi um ano emblemático. Essa coisa de fim de mundo, a crise econômica, uma imagem externa de um Brasil que ainda não nos convence. Mudanças a vista, ou, como disse o monge do templo budista, “consciência da mudança a vista”. Vamos ter que nos adaptar. Tudo está mudando rápido e não comporta resistência a velhos padrões. Se joga! J Como diria meus amigos da dança. Independente de o mundo acabar, todos os dias alguém se acidenta, perde alguém, rompe uma relação, vence um câncer e renasce. Todos os dias crianças nascem e enchem os lares de alegria. Outras, são abandonas nas primeiras horas de vida. “São dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também des

Quem roubou a lente da verdade?

Ontem, numa sessão solene na Câmara dos Deputados foram devolvidos, simbolicamente, o mandato de 173 deputados cassados na época da ditadura. 28 estão vivos e alguns puderam receber pessoalmente como Plínio de Arruda Sampaio, aliás, homenageado por quase todos os líderes que tiveram a palavra. O cara é mesmo uma lenda. Uma "autarquia". Do tipo de gente, que não sai quieto da vida de quem o ouve. Faz um barulhão e enche nosso peito de esperança de que outras mentes se abasteçam de clareza e raciocínio coerente de quem sempre priorizou o coletivo. O ato, mesmo simbólico, significa muito. Inegavelmente. Um tapa de pelica na intransigência histórica. Foi emocionante, foi real. Um fio de linha desse novelo cheio de nós. Enquanto isso, do outro lado da rua, no Palácio do Planalto, outro socialista era homenageado. Oscar Niemeyer despedia-se da sua criatura. Ou, ela é quem se despedia dele por meio das pessoas que se enamoram de sua invenção todos os dias, com o privilégio de te

Saudades

Sinto saudades concretas Plausíveis Justificáveis Aprendi a conviver com ela como uma doença crônica Anônima Se deixasse as lágrimas correrem todas as vezes que meu coração pede, me julgariam doida Os homens principalmente Que não entendem muito de gente Logo eu, que me sinto tão feliz Que recebo tanto do lilás das flores, do tirlitirtir dos pássaros, do cheiro da terra molhada Como ouso sentir saudades? Que não é o mesmo circuito que percorre a tristeza, mas tem uma via expressa depois da curva Sinto saudades do meu filho Sinto saudades das músicas dos anos oitenta Sinto saudade de me entregar à dança a ponto de repetir o ano escolar Hoje, isso não me preenche mais Não me entrego assim a nada O que é bom. Chega de repetir o ano. Hoje sou um ser coletivo Meus pequenos prazeres me fortalecem e me abastecem para os afazeres diários Mas penso por dois ou três Não sou individual Não penso mais como uma Onde será que perdi meu indivíduo? S

Nunca fui amada

Cheguei a essa conclusão Me tornei tão hábil em compreender o momento do outro que, nos meus relacionamentos,  deixava que as pessoas se achegassem e se achegassem e eu, como a água, aderia. Em momento algum eu deixava de ser eu. Minha consciência estava presente a todo momento, em todas as concessões e desenvolvi a habilidade de fazê-las espontaneamente.  Porque é assim que sei ser.  De tal forma que eu, um dia, me tornava invisível. E me tornando, partia em busca de minha forma original que nunca era a mesma de antes.  E daí, somente aí a outra parte do que nos tornávamos sentia a minha falta como a de um braço, uma perna, um dedo.  Até parece que é amor, mas nunca foi. Talvez um tipo de dependência da minha presença materna, feminina, protetora e de certa forma alegre.  Talvez por isso nunca me senti bela. Na minha consciência, se eu o fosse, talvez me amassem assim, de qualquer jeito, apenas por eu exisitr. Mas não, não sou esse tipo de pessoa

Sertão

Um dia caminhei nele Eram dias longos e secos De uma paisagem onde nada se avistava Tinha Sol, então tinha beleza Mas dureza de boniteza Tinha vida resistindo, galhos se contorcendo para rasgar o céu Eu sabia que tinha que chegar Mas não sabia onde Era preciso avançar Vivi a seca dos sentimentos A escassez dos quereres Seguia sobrevivendo A paisagem sempre tão ríspida não acenava respostas Mas estavam todas ali Hoje eu sei Era tanto vazio, e tanta beleza Que eu seguia por intuição Com os pés rachados A pele sangrando E a alma perdida O chão que queimava também estimulava os pés cansados No sertão, o sofrimento é paisagem E a seca, realidade. A incerteza o presente. Não há umidade.  Não existe sutileza Tudo é terra e fogo. E ar.  E caminhei tanto tempo que não sabia que existia a chuva e o verde Tanto tanto que meus olhos secos nem notaram a vegetação quando cheguei Lá Percebi algo diferente Uma brisa fresca, um  novo tom que agredia meus olhos E a alma sorriu faceira Ela sabia

INTIMIDADE

Você pode se despir, trocar fluidos, compartilhar o rosto amassado das manhãs, mas, a intimidade só vem quando você pega na mão de alguém e o leva para o sóton secreto da sua vida, onde você armazena seus erros, guarda seus medos e protege seus tesouros. Essa é a maior união que pode existir. O verdadeiro casamento de duas almas. O resto, são apenas personagens tentando interpretar as próprias e as expectativas do outro.
A saudade não vai me paralisar e a derrota me enfraquecer. Porque a saudade é o combustível da perseverança e a derrota o início de um outro alvorecer. 

A Pauta é o Palco

Ai, quanta coisa! Tem aquele, tem esse e aquele outro. Calma Alexandra, vai dar certo. Eu sei, mas preciso dedilhar, senão não vai dar certo. Mas tem que viver, talvez comer, banhar. Ai, tem que, tem que, tem que... Mas, sempre dá! Porque será? O que? Que sempre dá! Como é? É assim. Uma idéia? Sim. Ela cresce e o resto desaparece. Você sabe o foco, mas não sabe ainda como será. Como no teatro. Uma idéia. Meia luz. Qual será a forma? Surge a primeira frase. As cortinas se abrem e o show vai começar A pauta é o palco Do nosso espetáculo As palavras, os atores Em busca da convergência perfeita Uma vírgula certa, uma luz se acende, destaque Atrás do palco o argumento aguarda a hora certa de cair no texto A trilha sonora vai se criando Na cabeça do leitor À medida que ele decodifica o texto e forma aquilo que chamamos de opinião Palavras perfeitas, bela cena Palavras erradas, ruídos, dispersão Coesão é ritmo Coerência é deixa Escrever é arte por excelência Encenar é redigir impressões autên

Dimitrão

Fruto melhorado Presente futuro e passado Sonho inacabado que nasce no invisível, transforma no ventre e sai ensolarado   Pele da minha pele Amor do meu amor Gosto do meu viver Você é tão meu E tão próprio Que o mundo acolha todo seu potencial e você mereça mostrá-lo a ele  és meu filho meu milagre meu andaime sobre as brasas meu remo em alto mar norte verdadeiro Deus me acenando  Obrigada pequeno mestre infinito irmão amigo paixão que não consome amor que não perece meu menino prece és Dimitrão

Quem foi que disse que índio de relógio não é índio?

Pajé Santiê - foto: http://www.flickriver.com/photos/jmarconi/tags/milho/ O pajé está calado, e nós também! Tentei entrevistar o Pajé Santiê, do polêmico caso Noroeste, futuro bairro “ecológico” de Brasília que, para se concretizar deverá avançar em área de propriedade indígena, pertencente ao Povo  Fulni-Ô Tapuya, segundo fontes, desde antes de Brasília ser construída. A briga entre a construtora e os defensores da causa dos moradores da área tem gerado muitos confrontos e polêmicas. Minha pauta, motivadora do contato, nada tinha a ver com a questão das terras, que hoje se encontra nas mãos do judiciário. Queria saber como esse povo cuida da vitalidade masculina, para uma revista masculina. Uma pauta boba, a princípio, mas com a vontade sincera de ouvir as diversas culturas sobre o tema que não é bobo, vamos combinar. Minha surpresa foi tamanha, quando, conversando com o Pajé, soube que não teria a entrevista por orientação dos advogados e da FUNAI. As últimas coberturas sobre o co

Dói, mas é inevitável

Finalmente saio da puberdade.  Está doendo, mas aprendo muito e isso alimenta meus desejos, amplia meus horizontes e me faz mais simples.  Não é fácil ver o mistérios se esvaírem em pó, e saber que depois do arco-íris havia só o nada. Mas é no nada que cabe todas as coisas e com isso caminho firme, as vezes paro, mas sempre em frente. Depois do arco-íris tem o horizonte para se desbravar.